De acordo com um estudo recente, apenas 11,4% dos inquiridos esperam uma intervenção ética, imparcial e transparente do Governo na atribuição dos apoios associados ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Este é um dos dados recolhidos no barómetro “Corrupção e Transparência em Portugal” desenvolvido pela Rep. Circle – The Reputation Platform em conjunto com a Kepler Forensic Partners, junto de 123 altos quadros de empresas de referência a operar no mercado nacional.
Este barómetro teve como objetivo apurar qual o impacto da corrupção nas empresas portuguesas e qual a perceção dos gestores face à execução do atual Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Para os inquiridos, os obstáculos a uma execução transparente atribuem-se, principalmente, a uma fiscalização insuficiente (82,1%) e intimamente relacionada com a corrupção na atribuição de fundos (73,1%), bem como a uma burocratização excessiva.
Os dados mostram ainda que uma má execução do PRR pode significar um atraso na implementação de reformas estruturais para o país (74,8%), enquanto nas empresas se receia a perda de competitividade.
No entanto, alerta Pedro Espanha da Cunha, sócio fundador da Kepler Forensic, “é preciso olhar para estes números com cautela. Ainda que representem um claro avanço na visão das empresas para uma conduta ética, a verdade é que as conclusões dizem respeito a empresas de maior dimensão e não espelham a total realidade empresarial portuguesa, constituída, maioritariamente, por pequenas e médias empresas. Estas, na maioria dos casos, têm poucos recursos para conseguir avaliar e implementar programas de compliance robustos”.
Outra das incertezas associadas à execução do PRR são as questões de corrupção, nomeadamente no que respeita ao tráfego de influências. O favorecimento de grupos de interesse (79,7%) é o fator que mais preocupação gera aos gestores, porque “promove, segundo os inquiridos, uma distribuição desequilibrada da riqueza, com significativas perdas de competitividade e, consequentemente, de criação de valor”.
“Através dos dados apresentados percebemos que, por maior que seja o compromisso de uma empresa, se esta não gerar as condições necessárias para que os seus colaboradores tomem conhecimento das ferramentas de combate à corrupção ao seu dispor, todo o seu trabalho de promoção da transparência acaba por ser paradoxal, não refletindo a transparência junto dos públicos internos”, explica Salvador da Cunha, CEO da Lift e fundador do Rep. Circle.














