Tecnologia: Como a pandemia está a alterar os hábitos dos cidadãos

Espera-se que depois da crise do novo coronavírus, as famílias apresentem um estado mental frágil e cauteloso no regresso a um novo normal e que alterem determinados comportamentos, uma mudança que em alguns casos pode mesmo ser permanente, sobretudo se os bloqueios continuarem durante longos períodos de tempo, de acordo com o estudo “Life after Covid-19” elaborado pelo Deutsche Bank Research.

Um indivíduo que adquire um novo hábito ou comportamento, demora até cerca de 66 dias para o automatizar totalmente, segundo o ‘British Journal of General Practice’. Isto significa que estas alterações comportamentais, tornam-se permanentes mais rápido do que o esperado, por exemplo práticas de distanciamento social, ou outras acções que aprendemos com a pandemia.

A digitalização, que com a Covid-19 aprendemos a lidar mais frequentemente, pode ser agora aceite «de forma mais generalizada nas nossas vidas», segundo o estudo, mudando assim a forma como trabalhamos, consumimos, socializamos e aprendemos.

O regime de teletrabalho, por exemplo, pode tornar-se permanente, com as videoconferências e o áudio a substituir as reuniões presenciais. O relatório sugere que mais de um terço dos inquiridos gostava de poder trabalhar em casa, nem que fosse ocasionalmente, mesmo depois da crise do novo coronavírus. Contudo, a maioria considera que o seu empregador não vai aceitar esta opção.

As famílias também passaram a gastar mais online, do que antes da crise, sobretudo os agregados familiares mais velhos e com baixos rendimentos. A Ásia é o continente onde esta alteração é mais sentida, contudo este comportamento também acontece na Europa, ainda que de forma mais limitada.

Até as economias familiares bem desenvolvidas enfrentam agora algumas limitações, para poder fazer face ao aumento dos gastos, sobretudo no que diz respeito às compras de supermercado dos últimos dois meses, que se tornam cada vez mais digitais.

De acordo com o estudo sobre o comércio a retalho do Deutsche Bank, cerca de um terço dos consumidores de supermercados dos Estados Unidos fez as suas primeiras compras online nos últimos dois meses, contra cerca de 20% no inicio de 2019.

A aceitação destes serviços está a crescer: apenas um quarto das famílias dos Estados Unidos não se interessam por compras online, um valor que cse situava nos 40%, antes do confinamento obrigatório causado pela pandemia.
O estudo aponta alguns benefícios da utilização de serviços online, nomeadamente o facto de libertar tempo dos consumidores, para que possam realizar outras actividades e de contribuir para «reduzir significativamente» a sua pegada de carbono.

Durante o surto da Covid-19 o entretenimento tornou-se também mais digital, com um aumento da utilização de filmes e jogos e outros conteúdos televisivos. Por exemplo, a Netflix registou um aumento de 10% de novos membros, para 182,9 milhões de pessoas, desde o inicio de 2020, com um crescimento mais acentuado em Março.

Muitos governos tomaram a decisão de substituir a escola presencial pela tele-escola (como é o caso de Portugal), um comportamento que, segundo o estudo, poderá também tornar-se permanente, sendo aceite por toda a comunidade escolar.

Também os dados móveis se têm tornado muito úteis para seguir os contactos próximos de pessoas infectadas, através de aplicações criadas para o efeito, contribuindo assim para conter a propagação da epidemia. É provável, segundo o relatório, que estes mecanismos desempenhem um papel importante na reabertura de economias, bem como na gestão do distanciamento social.

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