Rui Pinto vai entrar no programa de protecção de testemunhas

Rui Pinto vai entrar num programa de protecção de testemunhas. Essa será a consequência da decisão que o libertou da prisão preventiva e enviou para instalações da Polícia Judiciária (PJ), onde ficará sob a tutela desta polícia de investigação criminal, apurou a Sábado.

De acordo com a revista, o hacker português vai passar umas semanas dentro de uma pequena habitação da PJ, onde ficará sob a tutela desta polícia de investigação criminal, preparando a sua entrada no programa de protecção e testemunhas. Depois será transferido para um local secreto e com segurança pessoal. 

Rui Pinto é o criador do FootballLeaks e é fonte do chamado Luanda Leaks. Estava em prisão preventiva desde Março de 2019. É acusado de 90 crimes de acesso ilegítimo, acesso indevido, violação de correspondência, sabotagem informática e tentativa de extorsão.

A saída de prisão preventiva, conta a “Sábado”, começou a ser negociada há cerca de um mês e meio, numa altura em que circulava um abaixo-assinado exigindo a sua libertação, e se realizaram algumas manifestações públicas no mesmo sentido.

Os contactos passaram exclusivamente pelo director-nacional da PJ, Luís Neves, pela defesa de Rui Pinto, liderada pelo advogado Francisco Teixeira da Mota, e pelos magistrados do Departamento Central de Investigação e Ação Penal que conduzem o processo e, sobretudo, pelo director deste departamento do Ministério Público (MP), Albano Pinto.

Em declarações à “Sábado”, fonte da PJ disse que esta é uma vitória pessoal de Luís Neves, que há muito tempo vinha a defender, em privado, a necessidade de se encontrar uma solução para o caso de Rui Pinto, com três pontos essenciais: que aproveitasse a informação obtida por Rui Pinto e que estava nos 12 discos rígidos apreendidos pela PJ, dois dos quais tinham sido já descodificados pela Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime; que salvaguardasse as regras essenciais do processo penal, que é o mesmo que dizer do Estado de Direito Democrático português, não fazendo, portanto, concessões a pedidos de libertação liminar que andavam a ser feitos publicamente; que fosse também uma garantia para a segurança e integridade física de Rui Pinto, cuja acção terá sido muito prejudicial para os interesses comerciais da Doyen Sports mas, sobretudo, de muitos clubes e organizações pelo mundo fora, incluindo da Rússia. Ao abrigo da cooperação judiciária internacional, as autoridades russas já ouviram Rui Pinto várias vezes, através de uma dupla de magistrados.

Uma das condições colocadas pelo MP para concordar com a estratégia de obter a colaboração de Rui Pinto foi a revelação das passwords dos 10 discos rígidos que permanecem por abrir integralmente.

A revista acrescenta que tanto as autoridades judiciais da Rússia como de Espanha já fizeram chegar a Portugal a respectiva pretensão de levarem Rui Pinto perante a justiça destes países. Rui Pinto é suspeito de ter pirateado escritórios de advogados, agentes desportivos e clubes de futebol, como o Real Madrid, por exemplo.

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