Ana Trigo Morais, CEO da Sociedade Ponto Verde, João Vaz Tomé, Head of Public Affairs da APED, Sílvia Barata, Head of Country bp Portugal & Vice President Mobility and Convenience Iberia, juntaram-se numa mesa-redonda de debate na XXIX Conferência Executive Digest para debater as reformas necessárias para o país.
O QUE FALTA
Sílvia Barata começou por falar sobre os investimentos no setor na energia e o que é necessário para aumentar a atratividade do país.
Quando se fala de energia fala-se de investimentos massivos, avultados, e projetos a longo prazo. Nesse sentido há pilares que devem ser reforçados, como a estabilidade regulatória que ajuda as empresas a terem regras claras para fazerem os seus investimentos, previsibilidade fiscal que ajuda as empresas a perceberem onde e como devem investir, e ainda a capacitação das empresas e das pessoas e a forma como a articulação da agilidade dos processos tem de existir.
Já no setor do grande consumo e tratamento de resíduos, Ana Trigo Morais destacou: “Falta-nos muita coragem para reformular a forma como fazer políticas públicas”, acrescentando que tem que se acabar com a cultura de usar Bruxelas como desculpa para o que não nos dá jeito, como por exemplo na transposição de diretivas.
A CEO da Sociedade Ponto Verde destacou ainda que a cadeia de valor da gestão de resíduos tem que ter dados concretos e informação, ou seja, temos que ter uma estratégia que traga accountability e transparência ao setor.
“A estratégia de dados para este setor é fundamental”, sublinhou, deixando ainda a proposta de criação de Parcerias Publico-Privadas com terceiros para oferecer dados interoperáveis a todos os agentes.
João Vaz Tomé também se mostrou alerta; “Não posso dizer que a simplificação administrativa náo é uma preocupação. Mas concordo quando se diz que há um cansaço neste diagnóstico.
O executivo acredita que há vontade do Governo para implementar o roadmap da reforma, no entanto, não o considera como algo garantido e espera que haja um alargamento de perímetro e auscultação das empresas.
COMO AVANÇAR
Sílvia Barata considera que os governos têm de ser “agnósticos relativamente às fontes de energia”.
“O papel do estado é criar condições para as empresas desenvolverem projetos com viabilidade económica, e há áreas que têm de ser melhoradas pelo governos, como a capacidade de responder às necessidades do mercado e das empresas, a partilha de risco e conhecimento através das parcerias público-privadas, incentivos fiscais para criar incentivo de investimento, e culmina com garantir competitividade económica para Portugal”, destacou.
Por sua vez, Ana Trigo Morais analisou que há uma enorme desconfiança entre o público e o privado, sublinhando que “temos de insistir e continuar a financiar estas propostas de resolução ao Governo”.
Para além disso, considera que é preciso responsabilizar os dirigentes do Estado no que respeita aos atrasos e erros nos diversos processos, e apoia a instituição de um modelo concreto: quando é nomeado um dirigente este deve ter objetivos e KPIs a cumprir, e caso não os cumpra deve ser substituído. “Quando há atrasos e erros parece que nada acontece, e deve haver responsabilização”.
João Vaz Tomé
No que respeita ao OE2026, João Vaz Tomé explica que a APED fez um exercício de apresentar 10 medidas para o OE2 orientadas para a simplificação administrativa, “e o que esperávamos era que houvesse alguma sensibilidade para medidas como algo que nos parece simples como é a consagração legal da implementação de faturas em PDF”.
Considera ainda que é urgente a formação e requalificiação dos profissionais, por exemplo em áreas como a Inteligência Artificial, através de apoios diretos às empresas.
“As empresas gostam de segurança e estabilidade jurídicas”, destacou.
O QUE PEDEM
Sílvia Barata pede previsibilidade fiscal, parcerias, comunicação efetiva, regulação e legislação também efetiva.
“A reforma do estado é complexa, mas fundamental, e deve ser iniciada, sendo que há dossiers que são essenciais para a construção e competitividade do país”, considera.
Já a CEO da Sociedade Ponto Verde considera que temos de parar com a prática instalada nos Governos de “inventar uma teia de taxas tão grande e complexa que vão financiar ineficiências”.
Por fim, o Head of Public Affairs da APED destaca que se impõe a adoção de medidas de impacto legislativo: “Não podemos continuar a legislar como estamos ma fazer, de costas voltadas às empresas”.
A Conferência conta com o patrocínio da BP, CGD, Católica Lisbon, Delta Q, Fidelidade, Lusíadas Saúde, MC Sonae, Randsatd, Recordati, Siemens, e ainda com o apoio da Capital MC, Neurónio Criativo e Sapo. A Sociedade Ponto Verde é o Parceiro de Sustentabilidade do evento.



















