A partir de 1 de janeiro de 2026, os fabricantes chineses de automóveis elétricos terão de obter uma licença de exportação para poder vender os seus modelos fora do país. A medida, noticiada pela revista especializada francesa ‘L’Automobile’, surge como resposta às crescentes críticas ao serviço pós-venda das marcas do chamado “Império do Meio”, considerado por muitos consumidores como o verdadeiro calcanhar de Aquiles destas empresas.
Pós-venda sob pressão
Apesar de alguns modelos chineses apresentarem desempenho competitivo face a veículos europeus, os problemas no pós-venda têm gerado queixas constantes. Proprietários do compacto elétrico MG4, por exemplo, relatam longos períodos de espera para a substituição de peças de reposição, muitas vezes deixando carros imobilizados durante semanas. Segundo a ‘L’Automobile’, esta realidade reflete uma falha estrutural, já que a China, ao contrário do Japão ou da Coreia do Sul, não terá dado até agora a devida atenção a esta vertente essencial da experiência do cliente.
Com a nova regulamentação, apenas fabricantes e empresas autorizadas poderão solicitar a licença de exportação. O objetivo é evitar que exportadores independentes enviem veículos elétricos — inclusive usados — para a Europa e outros mercados sem garantirem um serviço de assistência adequado.
Garantias para consumidores e fabricantes
A exigência da licença também pretende assegurar que os clientes tenham acesso a acompanhamento oficial durante o período mínimo de garantia de dois anos, bem como maior disponibilidade de peças de substituição. Embora muitas marcas chinesas já ofereçam garantias alargadas, continuam a enfrentar dificuldades em evitar imobilizações prolongadas.
Ainda de acordo com a publicação francesa, esta medida visa igualmente reforçar a qualidade e consistência dos veículos exportados, ao mesmo tempo que procura travar práticas de concorrência desleal entre exportadores não autorizados e fabricantes reconhecidos pelo Estado.
O papel da BYD e os desafios da indústria
A medida poderá ainda proteger fabricantes considerados estratégicos, como a BYD, gigante chinesa que prepara investimentos de grande dimensão na Europa, com fábricas projetadas para a Hungria e para a Turquia. Para a empresa, que aposta fortemente na expansão internacional, a estabilidade das exportações e a confiança dos consumidores europeus serão cruciais para justificar os elevados investimentos.
A indústria automóvel chinesa enfrenta atualmente um excesso de marcas, tornando inevitável que algumas desapareçam nos próximos anos. Ao exigir a licença de exportação, Pequim pretende não só elevar os padrões de qualidade e assistência, mas também dar prioridade à sobrevivência dos seus “campeões locais”.














