Dmitry Medvedev, antigo presidente da Rússia e atual vice-presidente do Conselho de Segurança do país, emitiu um forte alerta à administração Trump, afirmando que “o risco de conflito direto permanece elevado” entre os Estados Unidos e a Rússia. A declaração surge num contexto marcado pela guerra na Ucrânia e por crescentes tensões militares e diplomáticas entre as duas potências.
“Está nas mãos da administração Trump decidir. A Rússia está pronta para cumprir o Tratado START, que eu assinei em 2010. Mas cumprir apenas a letra do tratado não chega. Os EUA devem abandonar as sanções e tarifas que enfraquecem a Rússia. Caso contrário, o risco de conflito direto permanece alto”, declarou Medvedev, em comunicado citado pela Newsweek.
O aviso de Medvedev insere-se num quadro de profunda instabilidade internacional, provocado pela guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022 por ordem do Presidente Vladimir Putin. O conflito intensificou receios globais sobre a possibilidade de uma guerra nuclear, dado que a Rússia possui o maior arsenal nuclear do mundo. Nos últimos anos, figuras mediáticas russas têm frequentemente deixado declarações ameaçadoras sobre a eventual utilização de armamento nuclear.
Do lado norte-americano, os EUA têm apoiado a Ucrânia militarmente e imposto sanções severas à economia russa como forma de pressionar Moscovo a encerrar as hostilidades.
O START (Strategic Arms Reduction Treaty) é um acordo bilateral entre os EUA e a Rússia, assinado inicialmente em 1991, que estabelece limites verificados ao número de armamento nuclear intercontinental. A versão atual, conhecida como New START, entrou em vigor em 2011 e foi prolongada até 4 de fevereiro de 2026, segundo o Departamento de Estado norte-americano.
O tratado fixa limites claros: cada país não pode dispor de mais de 1.550 ogivas nucleares operacionais e de 700 mísseis e bombardeiros equipados para transporte de ogivas.
Na segunda-feira, Vladimir Putin reiterou que a Rússia cumprirá o tratado por mais um ano. “Para evitar provocar uma nova corrida armamentista estratégica e garantir um nível aceitável de previsibilidade e contenção, acreditamos ser justificado tentar manter o status quo estabelecido pelo New START durante o período turbulento atual”, afirmou o presidente russo, citado pela NBC News. No entanto, acrescentou: “Isto só será viável se os Estados Unidos agirem de forma semelhante e não tomarem medidas que comprometam ou perturbem o equilíbrio existente dos potenciais de dissuasão.”
O New START foi assinado por Barack Obama e Dmitry Medvedev em 2010, numa altura em que o então presidente norte-americano declarou que o acordo simbolizava a vontade dos dois países de “prosseguir uma liderança global responsável”.
Em fevereiro de 2023, a Rússia suspendeu a aplicação do New START, alegando violações por parte dos EUA relacionadas com mecanismos de monitorização e inspeção.
As tensões entre Moscovo e Washington mantêm-se elevadas, assim como entre a Rússia e os seus aliados europeus. Recentemente, o Presidente Donald Trump defendeu que os Estados membros da NATO deveriam abater aeronaves russas que violassem o seu espaço aéreo, após incidentes reportados na Polónia e na Estónia no início de setembro.
Em resposta, a NATO declarou: “A Rússia não deve ter dúvidas: a NATO e os seus aliados usarão, em conformidade com o direito internacional, todos os meios militares e não militares necessários para nos defender e dissuadir todas as ameaças de qualquer direção. Continuaremos a responder no momento, domínios e forma que escolhermos. O nosso compromisso com o Artigo 5 é inabalável.”
Vladimir Putin acrescentou: “Com base na nossa análise da situação, tomaremos uma decisão sobre a manutenção destas auto-restrições voluntárias.”














