Depois de vários dias marcados por um arrefecimento das temperaturas e pelo regresso da precipitação em várias regiões do território continental, o calor volta a fazer-se sentir já a partir de domingo. Contudo, o cenário meteorológico mantém-se incerto e com margem para nova instabilidade a partir de meados da próxima semana, alertou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Durante os últimos dias, Portugal continental viu interrompida a tendência de tempo quente e seco que se fazia sentir desde o final de maio. O regresso da chuva esta quarta-feira, ainda que moderado, foi provocado por “uma superfície frontal fria em dissipação, já de fraca atividade”, segundo explicou à CNN Portugal o meteorologista Jorge Ponte, do IPMA.
“É típico desta altura as frentes chegarem já com pouca atividade, mas ainda podem trazer períodos de chuva fraca ou chuvisco”, sublinhou o especialista. Na manhã de quarta-feira, registaram-se aguaceiros em várias zonas do país, um fenómeno que deverá repetir-se pontualmente até ao final da semana.
Segundo o IPMA, ao longo dos próximos dias, poderá continuar a verificar-se alguma nebulosidade, sobretudo no litoral oeste durante as manhãs, com possibilidade de aguaceiros fracos. Contudo, Jorge Ponte considera que “não será nada de significativo”, e garante que o padrão atmosférico até sábado será semelhante ao de quarta-feira.
A boa notícia é que as temperaturas começarão a subir ligeiramente, com destaque para o interior do país. No Alentejo, por exemplo, as máximas poderão rondar os 30 graus já nos próximos dias, numa recuperação gradual que se tornará mais acentuada a partir de domingo.
A principal alteração no padrão meteorológico deverá ocorrer no domingo, dia em que uma depressão ao largo da região da Madeira poderá alterar a circulação atmosférica, fazendo com que os ventos passem a soprar de sul e sudoeste. “Isso vai transportar uma massa de ar mais seco e quente proveniente do Norte de África”, explicou Jorge Ponte.
Com esta mudança, as temperaturas irão subir significativamente, em especial no domingo no sul do país, e na segunda-feira também no norte e centro. “Vamos ter dois dias com temperaturas já bastante elevadas”, prevê o meteorologista.
Apesar da subida térmica esperada para domingo e segunda-feira, o IPMA alerta para a incerteza quanto à duração deste episódio de calor. A trajetória da depressão que se aproxima será determinante para definir o tempo na segunda metade da próxima semana.
“Se essa depressão se mantiver mais ao largo, no mar, o calor poderá prolongar-se durante mais alguns dias. Mas, se se aproximar do continente, o cenário muda: a partir de terça ou quarta-feira poderemos voltar a ter uma descida das temperaturas e nova instabilidade atmosférica, com possibilidade de aguaceiros e trovoada, sobretudo no interior norte e centro do país”, indicou Jorge Ponte.
A atual variação do tempo é, segundo os especialistas, característica desta altura do ano. O comportamento atmosférico está fortemente ligado à posição do anticiclone dos Açores, sistema que tende a garantir tempo seco e quente no verão.
“Tipicamente, nesta altura do ano, temos o anticiclone na região dos Açores, a oeste da Península Ibérica”, recorda o meteorologista. Contudo, quando este sistema se desloca ligeiramente mais para oeste, como aconteceu esta semana, permite a entrada de superfícies frontais frias que alteram o tempo de forma temporária. “São movimentos atmosféricos normais e frequentes, mesmo durante os meses de verão”, concluiu.
Com o verão prestes a arrancar oficialmente, os próximos dias vão alternar entre períodos de calor intenso e alguma instabilidade, num cenário típico do início da estação quente em Portugal continental.














