O Orçamento do Estado e as empresas: Manuel Pina, Diretor-Geral da Otovo em Portugal, Espanha e França

Concorda com a proposta de Orçamento do Estado para 2025? Porquê?
O OE 2025 traz boas notícias para o setor, mas não esclarece alguns dos pontos que geram mais problemas atualmente. Por um lado, estão previstas medidas positivas que reforçam o compromisso do Governo com a transição energética, tais como o aumento da meta de capacidade instalada de energias renováveis para 51% ou a reforma na gestão do Fundo Ambiental. Por outro lado, não existe clareza sobre como é que as famílias irão poder beneficiar dos quase 600 milhões de euros ainda dotados ao Fundo Ambiental ou aos incentivos para a eficiência energética das famílias. Esta falta de clareza tem resultado num efeito-travão para as famílias e pequenas empresas poderem aderir à transição energética. 

A que nível impacta o seu sector?
A Otovo opera no setor residencial, ou seja, o nosso cliente final são as famílias portuguesas. Apesar de existirem alguns sinais positivos, como o alargamento do IVA reduzido para mais agregados, na maior parte das medidas não fica claro de que forma é que as famílias e as pequenas empresas vão poder beneficiar. 

Este é um OE que serve os interesses das empresas?
Em linha com o que referi antes, ainda não está totalmente claro de que forma as medidas presentes neste OE se vão refletir na execução. Olhando para as medidas de uma forma direcional, estou confiante que existe a intenção de reforçar os compromissos do Governo com os objetivos de descarbonização e de combate à pobreza energética. Isto é positivo para os portugueses e naturalmente para as empresas do setor. Reforço que os interesses de empresas como a Otovo está alinhado com os interesses das famílias, por isso acredito que se na aplicação prática das medidas existir como objetivo o benefício do consumidor final, então empresas e famílias podem ser beneficiadas da mesma forma.