UE quer contornar bloqueio da Hungria na ajuda à Ucrânia e estuda novo fundo anti-Orbán

Bruxelas quer contornar o bloqueio do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, à ajuda militar à Ucrânia oriundo do Fundo Europeu para a Paz. O fundo intergovernamental – em particular a secção específica de apoio a Kiev – não canaliza novas entregas há muito tempo e a Hungria manteve cerca de 6 mil milhões de euros ‘paralisados’ durante quase ano e meio, que serão agora reembolsados aos Estados-membros.

Para ‘desatar este nó’, o Serviço de Ação Externa da UE pondera agora a criação de um novo fundo intergovernamental, com contribuições voluntárias dos Estados-membros e sem a participação de Budapeste para que a ajuda europeia volte a fluir para a Ucrânia, revelou esta sexta-feira o jornal espanhol ‘El País’ – no entanto, o obstáculo é como estabelecer este fundo para o qual é necessária a unanimidade dos 27, incluindo a Hungria.

Na próxima segunda-feira, os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE vão analisar a proposta do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, no Luxemburgo, numa altura em que Kiev enfrenta uma situação no campo de batalha complicada. Espera-se um inverno extremamente rigoroso, especialmente devido aos ataques russos às infraestruturas energéticas.

Bruxelas quer proteger a ajuda militar à Ucrânia, mas apesar da pressão e dos pedidos incessantes, o Governo do nacional-populista Orbán, o líder da UE mais próximo do Kremlin e que se opõe ao apoio à Ucrânia, não só mantém o fundo inoperante como provocou uma grande dívida para com os Estados-membros que mais contribuíram.

A solução para reiniciar os envios poderá agora passar pela constituição de um outro fundo, embora o Serviço de Ação Externa (SEAE) tenha analisado outras fórmulas como declarar este envio de ajuda militar como “um caso particular de uma política geral da UE”, o que deixaria de exigir a unanimidade dos 27, mas apenas a sua aprovação por maioria. Esta última opção, no entanto, explicaram fontes comunitárias, suscitou algumas dúvidas entre os serviços jurídicos europeus.




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