Conectando o hoje e o amanhã: A importância de ecossistemas integrados na transformação digital

Por Luís Gaspar, Diretor de Transformação Digital da Critical Software

Já dizia Fernando Pessoa: “Pedras no caminho? Apanho todas. Um dia vou construir um castelo”. Uma reflexão um tanto antiga, mas que espelha na perfeição os processos de transição digital. À medida  que estes se tornam mais ambiciosos e exigentes, a resiliência torna-se fundamental, mas não só – é  essencial ter uma clara compreensão dos obstáculos para que se possam definir soluções eficazes à medida que estes surgem, transformando cada pedra no caminho num bloco fundamental para a construção do castelo da inovação.

A visão é clara, mas é necessário ir mais a fundo para se entenderem as principais motivações das organizações para embarcarem na transição digital, conceito que tanto tem contribuído para a inovação e para a procura por tecnologias mais avançadas – como a Inteligência Artificial Generativa – e que ajudem a dinamizar os diferentes modelos de negócio.

Um desafio específico para cada organização

A competitividade de um mercado cada vez mais feroz aliado às mudanças nos hábitos de consumidores que procuram mais e melhores experiências têm atraído players que procuram apostar em serviços e soluções capazes de mudar as dinâmicas do mercado.

Quem não prefere fazer uma compra online sem precisar inserir o número do cartão de crédito e passar por várias verificações? Quem não prefere passar numa portagem pela Via Verde e ter o pagamento automático? Que gestor não prefere ter informação em tempo real da sua Operação para tomar decisões? Estes são apenas alguns exemplos do quão importante é a experiência do utilizador e da inovação na diferenciação no mercado e da exigência que a mesma implica no desenvolvimento tecnológico de soluções móveis, integradas, seguras e centradas no utilizador.

Neste cenário dinâmico, as organizações devem procurar superar-se e manter-se na vanguarda para oferecer os melhores serviços do seu setor, que garantam a sua fatia de mercado e otimizem margens. Isto porque, muitas vezes, é difícil acompanhar a nova concorrência, mais ágil e com uma outra capacidade de inovação como as fintechs e as start-ups, que já nascem do digital.

As mudanças regulatórias são outro fator disruptivo num mercado com uma imprevisibilidade crescente. A União Europeia e reguladores estão cada vez mais ativos na regulação do mercado, criando legislação que obriga as organizações a adotar práticas digitais positivas, normas de segurança (ex.: DORA) e a promover a integração cross boarder (ex.: eIDAS). Contudo, se por um lado estas medidas são boas para a regulação do mercado, já que ajudam a melhorar a confiança dos consumidores nas empresas, por outro criam também elas desafios únicos e necessidades de investimento às organizações.

O potencial das empresas está nas Soluções Customizadas

Quando se pensa em transição digital, é preciso ir mais além da simples digitalização de processos de negócio. Tal como na descoberta de uma cidade, em que caminhar a pé nos permite conhecer os melhores caminhos, uma abordagem customizada permite às empresas identificar os seus pontos fortes, mas também necessidades, para que possam investir estrategicamente em serviços personalizados que correspondam às exigências do mercado atual e criem valor, sem que cair no erro de achar que uma única solução num mundo em constante mudança responde às exigências dos consumidores.

São cada vez mais frequentes as situações em que se fala de ecossistema ao nível empresarial – entendem-se as múltiplas soluções integradas para um objetivo comum – e muitas vezes até entre diferentes organizações, promovendo a troca de informação e otimização de, por exemplo, cadeias de fornecimento. É neste tipo de ecossistema, onde o valor final para o negócio é o objetivo e onde não existe uma solução que resolva todas as necessidades, que é fundamental promover modelos de trabalho colaborativos e multidisciplinares, que integrem diferente pessoas da organização e parceiros de confiança ao nível da transformação digital e tecnológica.

A integração de diferentes soluções numa organização permite desenvolver funcionalidades únicas e escaláveis, não disponíveis em produtos off-the-shelf, e integrá-las de forma mais simples no ecossistema existente. Isso garante a propriedade intelectual sobre a solução, facilitando sua manutenção e evolução por equipas internas, evitando dependência de fornecedores externos e custos de licenciamento. Além disso, soluções customizadas permitem a progressiva modernização tecnológica e integração de tecnologias legadas e novas, especialmente em áreas críticas para a competitividade do negócio, assegurando experiências de negócio seamless end-to-end e garantindo um elevado nível de segurança e resiliência.

Inevitavelmente, existem inúmeros casos em que organizações passaram para abordagens customizadas após terem efetuado investimentos consideráveis em produtos de mercado que, por um motivo ou outro, se provaram ineficazes para o seu fim. Compreensivelmente, este tipo de produtos é direcionado a casos de uso específicos e o processo de integração requer também múltiplas competências de negócio e tecnológicas (service design, enterprise architecture, data, etc.) que nem sempre esses vendors possuem ou têm incluídos no seu licenciamento base.

A Transformação Digital vai muito além da criação de plataformas digitais

A Transformação Digital na sua essência vai muito além das soluções tecnológicas, envolvendo também a promoção de uma cultura organizacional ágil que promova a inovação e um maior sentimento de pertença das equipas pelo tipo de iniciativas e soluções a criar.

O futuro continuará seguramente a trazer desafios à Transformação Digital estando o sucesso mais perto daqueles que conseguirem acompanhar a mudança, focando na criação de valor para o seu negócio com soluções customer centric que sejam integradas devidamente no seu ecossistema e sob escrutínio de KPI’s que maximizem o retorno e garantam eficácia da gestão da mudança e transformação operada.