No âmbito dos protestos de agricultores na Polónia, que reclamam também “concorrência desleal” da Ucrânia por ter benefícios na exportação dos seus produtos, as autoridades locais estão a investigar o uso de faixas e cartazes co mensagens pró-Putin nas manifestações.
Em comunicado, o Ministério dos Negócios estrangeiros da Polónia deu conta de estar a investigar uma faixa onde se lia “Putin, resolve a Ucrânia, Bruxelas e o nosso governo”, manifestando “maior preocupação” com o surgimento de “slogans anti-ucranianos e slogans elogiando Vladimir Putin e a guerra que ele trava, durante os recentes bloqueios agrícolas”.
“Acreditamos que esta é uma tentativa de controlar o movimento de protesto agrícola por parte de grupos extremistas e irresponsáveis, talvez sob a influência de agentes russos”, aponta o ministério polaco.
Adrian Wawrzyniak, porta-voz do sindicato dos agricultores Solidariedade, disse que a faixa era inaceitável e rejeito acusações de ‘infiltração’ de agentes russos nos protestos.
Segundo este responsável, citado pela Reuters, foi uma pessoa não relacionado com qualquer sindicato que levou a bandeira com a mensagem da polémica.
Zelensky propõe reunião a Tusk para aliviar tensão da Ucrânia com agricultores polacos
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, propôs esta quarta-feira ao primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, uma reunião na fronteira comum para tentar resolver a crescente tensão causada pelos bloqueios dos agricultores polacos nos postos fronteiriços.
“Peço-lhe, Donald, senhor primeiro-ministro, que venha também à fronteira. Andrzej, senhor Presidente, peço-lhe que apoie este diálogo”, disse Zelensky, numa mensagem em ucraniano e em polaco, publicada na rede social Telegram, referindo-se também ao Presidente da Polónia, Andrzej Duda. “Estou disposto a estar também na fronteira, juntamente com o nosso Governo”, disse o Presidente da Ucrânia, que solicitou que um representante da Comissão Europeia também participasse na reunião.
Os agricultores polacos realizam há vários dias protestos nas estradas e exigem, entre outras coisas, que o seu país se retire do chamado “Pacto Verde” europeu e que as importações agroalimentares da Ucrânia para a União Europeia (UE) sejam vetadas.
Zelensky apelou a todos para que se lembrem “do significado da palavra solidariedade” e atribuiu o aumento da tensão com a vizinha Polónia, pelo menos em parte, às tentativas de manipulação por parte da Rússia. “Chega de Moscovo nas nossas terras. Chega de mal-entendidos”, afirmou o líder ucraniano, num dia em que, apesar do forte destacamento policial nos postos de fronteira, registaram-se incidentes isolados, nomeadamente confrontos entre elementos dos piquetes do protesto e viajante e a queima de pneus.
“Trata-se da segurança nacional. Não devemos adiá-la”, sublinhou Zelensky, apelando para que a reunião se realize antes do próximo sábado, 24 de fevereiro, dia que marca o segundo aniversário da invasão russa da Ucrânia.
Na terça-feira, os agricultores polacos retomaram os protestos nas autoestradas e cidades de todo o país, provocando engarrafamentos de quilómetros nas principais vias rodoviárias. Nas passagens de fronteira, como em Dorohusk e Meydika, os bloqueios à passagem de camiões ucranianos foram alargados intermitentemente a todo o tráfego rodoviário, incluindo autocarros de passageiros e automóveis particulares.
*Com Lusa














