Venezuela e Guiana encontram-se hoje para resolver disputa do território de Essequibo e acalmar tensão na região
Os presidentes da Venezuela e da Guiana vão reunir-se esta quinta-feira, em São Vicente e Granadinas, sobre a disputa do território de Essequibo, rico em petróleo e reivindicado por Caracas, segundo anunciou o Governo do arquipélago anfitrião.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que tenta mediar o conflito, estará presente “a pedido” de ambas as partes.
Os presidentes Nicolas Maduro e Irfaan Ali aceitaram “esta reunião realizada sob os auspícios da CELAC”, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, da qual o primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, detém a presidência rotativa, “e da CARICOM”, a Comunidade das Caraíbas, de acordo com um comunicado do chefe do governo do arquipélago que acolherá o encontro.
“Vamos todos assumir a resolução de fazer deste encontro histórico um sucesso”, concluiu Ralph Gonsalves.
Caracas já havia anunciado uma reunião de “alto nível”, após conversas hoje entre os presidentes Maduro e Lula.
Lula da Silva tinha aconselhado, numa conversa telefónica, o seu homólogo venezuelano a não tomar “medidas unilaterais” que agravem o conflito fronteiriço entre a Venezuela e a vizinha Guiana.
O presidente do Brasil, cujo Governo enviou reforços militares para a sua fronteira norte, reiterou também a “crescente preocupação” de outros países sul-americanos, que numa declaração conjunta tinham convidado “ambas as partes a dialogar e a procurar uma solução pacífica”.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, seguiu o exemplo, dizendo na rede X (antigo Twitter) que “o maior infortúnio que poderia acontecer à América do Sul seria uma guerra”.
Esta la historia de la disgregación de un proyecto de nación soñada por Bolívar, solo falta en el mapa que República Dominicana quizo ser parte de Colombia en su fundación, luego de ella, Venezuela y Ecuador se disgregaron siguiendo a sus líderes provinciales, luego Venezuela… https://t.co/f9QMzqx1ZV
— Gustavo Petro (@petrogustavo) December 10, 2023
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, também conversou por telefone com o secretário-geral da ONU acerca do diferendo com a Guiana pelo território Essequibo.
O Ministério de Relações Exteriores venezuelano anunciou que o “presidente Nicolás Maduro falou com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que se comprometeu a promover esforços a favor do diálogo direto entre as partes e recordou que tem disponibilizado os seus meios para a resolução do diferendo”.
A região de Essequibo, que aparece nos mapas venezuelanos como “zona em reclamação”, está sob mediação da ONU desde 1966, quando foi assinado o Acordo de Genebra.
A descoberta de vastas jazidas de petróleo pela empresa norte-americana ExxonMobil em 2015 e as licitações da Guiana para exploração na área reavivaram a disputa de longa data sobre Essequibo, um território de 160.000 quilómetros quadrados administrado pela Guiana, mas que a Venezuela reivindica argumentando que a verdadeira fronteira é a que remonta ao império espanhol em 1777.
Os dois países têm trocado acusações há vários dias e o Conselho de Segurança da ONU reuniu-se à porta fechada na sexta-feira à noite, mas não houve qualquer declaração ou comunicação no final da reunião.