Foram derrubadas mais de 800 milhões de árvores na Amazónia em seis anos para sustentar procura mundial por carne bovina

Mais de 800 milhões de árvores foram cortadas na floresta amazónica em apenas 6 anos (entre 2017 e 2022) para alimentar o apetite mundial pela carne bovina brasileira, apontou esta sexta-feira o ‘The Guardian’ – uma investigação do jornal britânico, do ‘Repórter Brasil e do ‘Forbidden Stories’ acusou a perda sistemática e vasta de floresta ligada à pecuária.

A indústria de carne bovina no Brasil sempre se comprometeu a evitar quintas ligadas ao desmatamento. No entanto, os dados sugerem que 1,7 milhões de hectares da Amazónia foram destruídos perto de estabelecimentos que exportam carne bovina para todo o mundo. O desmatamento em todo o Brasil disparou entre 2019 e 2022 sob o então presidente Jair Bolsonaro, sendo a pecuária a principal causa. Lula da Silva, o novo presidente brasileiro, já prometeu conter a destruição.

Os investigadores da consultora ‘AidEnvironment’ utilizaram imagens de satélite, registos de movimentação de gado e outros dados para calcular a perda florestal estimada ao longo de seis anos, em milhares de quintas próximas a mais de 20 matadouros – todos pertencem às três grandes operadoras e exportadoras de carne bovina do Brasil – JBS, Marfrig e Minerva​. As três empresas garantiram que operam sob procedimentos de conformidade rígidos, de maneira aberta e honesta, para garantir que estão a cumprir as suas metas sustentáveis.

A Nestlé e a empresa alemã de carnes Tönnies, que fornece ao Lidl e a Aldi, estavam entre as empresas que terão comprado carne das fábricas apresentadas no estudo. Surgem também na lista dezenas de compradores grossistas de vários países da UE, alguns dos quais abastecem as empresas de restauração que servem escolas e hospitais.

Parte da carne enviada para a UE pode violar novas leis destinadas a combater o desmatamento nas cadeias de abastecimento. Os regulamentos adotados em abril último significam que os produtos trazidos para a UE não podem ser vinculados a nenhum desmatamento ocorrido após dezembro de 2020.