Reino Unido vai aprovar a primeira de oito novas centrais nucleares para enfrentar crise energética
O Primeiro-ministro britânico Boris Johnson deverá anunciar, esta quinta-feira, a aprovação do financiamento para construir a primeira de oito novas centrais nucleares do Reino Unido. O objetivo é fazer com que o país, onde os preços da energia sobem cada vez mais e geram grande contestação social, possa reforçar a sua autonomia energética.
Naquele que será um dos seus últimos discursos como líder do governo britânico, Johnson deverá declarar que o reforço da capacidade de produção interna de eletricidade através do nuclear é essencial para que o país reduza a sua dependência de importações de combustíveis fósseis e para que não deixe nas mãos de outros países a sua própria segurança energética.
De acordo com a imprensa britânica, é esperado que o Primeiro-ministro confirme ainda que o governo britânico irá assumir uma quota de 20% na nova central nuclear Sizewell C, na região de Suffolk, um projeto que contempla dois reatores e que está avaliado em cerca de 34 mil milhões de euros.
De acordo com o governo, a Sizewell C terá capacidade para abastecer cerca de seis milhões de casas durante 60 anos, com uma produção de 3,2 gigawatts, e calcula-se que demorará perto de 10 anos a ser construída.
Ainda hoje, Johnson deverá também confirmar que planeia aprovar o desenvolvimento das restantes sete novas centrais até 2030, ao ritmo de um novo reator por ano, ao invés de um a cada 10 anos.
Essas medidas inserem-se na Estratégia de Segurança Energética do Reino Unido, anunciada em abril e que deverá ser apresentada hoje, e contemplará compromissos para o abandono total de petróleo e carvão russo até ao final de 2022, sendo que o abandono do gás da Rússia deverá demorar mais tempo.
Essa estratégia também colocará um grande foco sobre o investimento em energias renováveis no país, como a eólica, a solar e o hidrogénio.
Relata a ‘Sky News’ que Johnson deverá declarar que “a situação que hoje enfrentamos é profundamente preocupante, mas este governo tem tomado medidas” e que “a nossa Estratégia para a Segurança Energética não trata apenas de responder às necessidades de hoje, mas dos muitos anos que se seguem”.
O principal propósito é reduzir os preços da energia o Reino Unido, sacudindo a dependência de fornecimentos externos e apostando na produção elétrica nacional.
No pronunciamento de hoje, está também previsto que o Primeiro-ministro inste o seu sucessor, que deverá ser conhecido na próxima semana, a manter o foco nas energias verdes, para que o Reino Unido possa cumprir os seus compromissos em matéria de neutralidade carbónica.