“Queremos manter boas relações com todos os operadores”, diz CEO da Gigas

Com a aquisição da ONI, a gigas inicia uma nova etapa com o objectivo de se tornar um operador relevante no mercado de telecomunicações, cloud e cibersegurança na península ibérica.

A espanhola Gigas aposta na ONI para ser operador grossista internacional, convergindo telecomunicações com serviços de cloud computing a partir de Portugal. Promete investimentos e reforço de equipas, mantendo boas relações com todos os operadores. Em entrevista à Executive Digest, o CEO e co-fundador da Gigas, Diego Cabezudo, revela os planos da empresa para o futuro. 

 

A Gigas anunciou, no final do ano passado, a aquisição da ONI. Qual o objectivo e as sinergias desta operação?
A Gigas é uma empresa espanhola, cotada no mercado BME Growth e especializada na prestação de serviços convergentes de telecomunicações, cibersegurança e cloud para empresas. Criada em 2011, é hoje um grupo que presta serviços a mais de 10 mil clientes em todo o mundo, apoiando-os na sua transformação digital. No final do ano passado anunciámos a aquisição da ONI e decidimos fazê-lo com o objectivo de nos tornarmos num operador relevante no mercado das telecomunicações, cloud e cibersegurança da Península Ibérica. A ONI vem assim reforçar a oferta de produtos para se tornar um player único para as empresas e traz mais recursos humanos e capacidades de telecomunicações em Portugal que, juntamente com o know-how da Gigas na virtualização e na rede de centros de dados globais, estabelecerá a base de operações para o lançamento de serviços OTT (Over-the-top) noutros países. Com esta aquisição, os novos serviços vão adicionar e reforçar funcionalidades e oferecer uma maior flexibilidade e agilidade do que os serviços tradicionais de telecomunicações, a um custo inferior e ajudando a impulsionar a transformação digital e migração das empresas para a cloud. 

Quais é que são os planos da Gigas para a ONI?
Como referido anteriormente, com a aquisição da ONI, a Gigas inicia uma nova etapa com o objectivo de se tornar um operador relevante no mercado de telecomunicações, cloud e cibersegurança na Península Ibérica. Além disso, a ONI reforça a oferta de produtos para se tornar um player único para as empresas e traz mais recursos humanos e capacidades de telecomunicações em Portugal para ser a base de operações para o lançamento de novos produtos e serviços noutros países. O CEO da ONI, Nuno Saraiva, e o CTO, Carlos Pereira, continuam a supervisionar as operações em Portugal e desempenham um papel fundamental no desenvolvimento dos novos serviços de telecomunicações da Gigas. 

Existe a intenção de levar a ONI para o segmento do consumidor ou irá continuar a operar no segmento empresarial?
Pretendemos ser um operador integrado, com vários produtos e serviços para as grandes empresas e para as PME, tendo a ONI a operar, num futuro próximo, apenas no segmento empresarial. 

A ONI pretende ou está disponível para fazer parcerias com outros operadores em Portugal, assim como a Altice, a NOS ou a Vodafone?
A ONI conta já com 20 anos de história e tem uma excelente relação com todos os operadores em Portugal. Neste sentido, estamos sempre à procura de parcerias, tal como queremos continuar a manter boas relações comerciais com todos os operadores de telecomunicações em Portugal. 

Qual o valor do investimento no desenvolvimento das operações da ONI ou em novos negócios?
Uma vez que integramos um grupo cotado no mercado de capitais, não nos é possível partilhar essa informação financeira. No entanto, posso afirmar que com a aquisição da ONI aumentámos as nossas receitas em quatro vezes e o EBI-TDA em mais de três vezes, dando-lhe a dimensão e a capacidade financeira para se tornar num player pioneiro e relevante em serviços convergentes inovadores. Além disso, a Gigas conta com cerca de sete milhões de euros em cash e cerca de cinco milhões de euros de dívida financeira líquida, representando apenas 0,5x de EBITDA combinado, permitindo à empresa utilizar a sua capacidade de alavancagem para realizar novas aquisições. 

Quais os objectivos para a ONI em 2022, do ponto de vista operacional?
Os objectivos para este ano passam pela expansão às principais cidades portuguesas da nossa oferta de 10 Gbps simétrico em grande escala – através de uma rede óptica topo de gama – disponibilizando esta velocidades de dados de forma massiva; procurar oportunidades de negócio no mercado português; desenvolver e expandir a nossa oferta de produtos e serviços, especialmente a oferta pacotizada para o segmento das PME; e iremos, igualmente, reforçar a aposta no factor humano como potencial de crescimento e ter sempre o foco nos nossos clientes. 

Pretendem reforçar o portefólio de clientes da ONI, em que sectores?
Absolutamente, recorrendo à sua posição de player inovador no mercado empresarial português e com um espectro de múltiplos produtos e serviços, queremos reforçar o portefólio de clientes da ONI independentemente do sector em que actuam. 

Estão a recrutar? Quantos colaboradores e quais os cargos que procuram?
Já estamos a apostar no talento nacional. A equipa está a ser reforçada com as competências necessárias e identificadas para garantir que a operação em Portugal se assuma como o centro de excelência e de desenvolvimento de negócio para o grupo.  

A ONI anunciou recentemente o acesso a 10 Gbps para empresas, tornando-se no primeiro operador em Portugal a disponibilizar esta velocidade de dados de forma massiva. Quais as vantagens e as mais-valias deste novo serviço face ao que existe actualmente?
Actualmente, as redes ópticas disponíveis em Portugal denominadas GPON são mistas, ou seja, residenciais e empresariais, sobrecarregadas pelo uso intensivo dos utentes residenciais – quer seja pelo vídeo streaming passando pelo gaming e redes sociais – o que impacta negativamente na qualidade do serviço para as empresas. Ou seja, neste momento, a maioria das empresas portuguesas dependem de redes GPON com perfil residencial. Neste sentido, uma rede óptica topo de gama XGS- -PON exclusivamente empresarial é um passo determinante não só para o sector das telecomunicações como, sobretudo, para a economia portuguesa. Em termos práticos, para as empresas este serviço representa a oportunidade de uma maior conectividade e velocidade, num momento particular de recuperação económica, de flexibilidade no espaço de trabalho, e de transformação digital. Além de ser a primeira rede exclusiva dedicada a empresas em Portugal, a ONI oferece este serviço sem qualquer tipo de fidelização. 

A nova aposta da ONI está mais centra- da nas PME nacionais? O que motivou esta estratégia?
Para se afirmar como líder no segmento de oferta exclusiva para empresas, a ONI tem de olhar para todos os segmentos. Consideramos que as PME portuguesas não estavam a ter, até agora, a atenção devida e necessária, uma vez que os operadores líderes têm todas as suas estruturas focadas no mercado residencial e só depois no mercado corporate, deixando assim o segmento das PME num nível de prioridade mais reduzido. Ao longo dos últimos anos, a ONI tem vindo a fazer um trabalho de fundo no que diz respeito à sua oferta, de forma a poder alargar os seus serviços também ao segmento das PME, garantindo assim a adequabilidade dos mesmos, quer ao nível das necessidades, quer ao nível de preço, permitindo desse modo que possam subscrever serviços que antes só estavam ao alcance do mercado corporate. 

Como está a ser a recepção a este novo serviço por parte das empresas?
Extremamente boa e positiva, e reflexo disso é a demonstração de um interesse muito elevado por parte das empresas, com o contacto pró-activo das mesmas, às quais estamos a responder afirmativamente através dos nossos canais comer- ciais. Como resposta a este enorme interesse, estamos ainda a adequar o nosso plano de expansão a novas geografias. 

Quais as perspectivas e metas para o primeiro ano desta nova oferta?
Nos próximos três anos, a ONI espera cobrir 120 mil empresas em Portugal, das quais cerca de 52 mil dentro do seu target de clientes empresariais (empresas com quatro a 250 colaboradores), o que representa atingir 35,8% do seu target de clientes empresariais total. Apesar de termos o nosso objectivo bem definido e mensurável, uma vez que integramos um grupo cotado no mercado de capitais não nos é possível partilhar essa informação. No entanto, reafirmamos o nosso objectivo de sermos o operador líder de oferta exclusiva para empresas. 

O Grupo Gigas prevê um investimento de 30 milhões de euros para este novo serviço da ONI. Este investimento será direccionado para desenvolvimento tecnológico? Infra-estrutura?
O investimento será maioritariamente direccionado para infra-estrutura, mas irá igualmente cobrir todos os restantes elementos que são essenciais para conseguirmos prestar os nossos serviços. Vamos cobrir as principais áreas empresariais das principais cidades em Portugal, com a nossa rede óptica topo de gama baseada na tecnologia denomina- da XGSPON, massificando assim o acesso a 10 Gbps simétrico para empresas e sem qualquer fidelização. 

Será expectável da vossa parte o anúncio de mais ofertas e serviços ainda este ano em Portugal?
Neste momento estamos totalmente focados no desenvolvimento e, sobretudo, na expansão às principais cidades portuguesas da nossa oferta de 10 Gbps simétrico em grande escala – através de uma rede óptica topo de gama – disponibilizando esta velocidade de dados de forma massiva. Além disso, como referido anteriormente, uma vez que integramos um grupo cotado no mercado de capitais não nos é possível partilhar essa informação. 

O que é que gostaria de anunciar daqui a um ano?
Gostaria de anunciar que todas as empresas portuguesas já têm acesso a banda larga de 10 Gbps graças à cobertura nacional disponibilizada pela rede da ONI, o que significaria a confirmação da importância desta rede para a economia portuguesa e, sobretudo, o reforço da posição da ONI como player inovador no mercado português. 

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