Covid-19: BCE alerta para sobrevalorização do mercado imobiliário em países como Portugal

O aumento da inflação no mercados imobiliário está a preocupar o Banco Central Europeu (BCE). A instituição financeira alerta assim para o risco de empréstimos com montantes elevados e a assunção de riscos por entidades não bancárias.

“Estamos sobretudo preocupados com a exuberância nos mercados de crédito, ativos e habitação, bem como com os níveis mais elevados de dívida nos setores corporativo e público perante este legado da pandemia”, alertou esta quarta-feira o o banco com sede em Frankfurt, no habitual ‘Financial Stability Review’.

O BCE destacou as vulnerabilidades no mercado imobiliário, sobretudo em países “onde já havia uma sobrevalorização imobiliária”, antes da pandemia, como é o caso de Portugal.

Para a instituição liderada por Christine Lagarde, o mercado está “ sujeito a uma correção”, ao mesmo tempo em que alerta que os fundos de investimento, seguradoras e fundos de pensões podem enfrentar “perdas de crédito substanciais” se a sua exposição a dívidas empresariais com baixa classificação diminuir.

Quanto “aos mercados de ações e ativos de risco, estes mantiveram sua notável flutuabilidade, tornando-os mais suscetíveis a correções”, disse o vice-presidente do BCE, refere o relatório assinado pelo vice-presidente Luis de Guindos.

“Os mercados imobiliários da área do euro expandiram-se rapidamente, com poucos indícios de que os padrões de crédito estejam a responder ao mesmo nível”, acrescenta o documento.

Portugal segue a tendência da União Europeia: as casas estão sobreavaliadas e a subida do preço não é paralela ao aumento dos salários, revela um relatório publicado a semana passada, pela Comissão Europeia.

Desde 2013, e até ao segundo trimestre deste ano, a habitação “está cerca de 38% mais cara no conjunto da União Europeia. Significa isto que, por ano, houve um aumento médio de 4% neste período”, escreve o Jornal de Negócios

O Luxemburgo lidera a tabela com maior sobreavaliação dos preços, seguido da Suécia, Áustria, Alemanha e França. O sexto lugar da lista é ocupado por Portugal.

“A acessibilidade da habitação é, hoje, o principal problema a emergir da recente aceleração dos preços das casas”, indica o relatório.

Segundo o documento é ainda de salientar que este período em 21 dos 27 países da UE, a subida dos salários não acompanhou a inflação dos preços das casas, de acordo com a mesma publicação.

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