A subida das temperaturas no Pólo Norte está a fazer com que partes do vórtex polar se separem e se movam para o sul, levando à possibilidade de um inverno particularmente rigoroso na Europa, Ásia e Estados Unidos, avança o ‘The Washington Post’. Contudo, Portugal não será tão afetado quanto outros países.
O vórtex polar, que a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), dos Estados Unidos, define como “uma grande área de baixa pressão e ar frio em torno dos polos Norte e Sul da Terra”, geralmente mantém-se forte e estável.
Conforme relatado pela mesma publicação, quando o vórtex se mantém estável, o ar frio continua dentro da área sobre o Ártico, com probabilidades muito menores de queda de neve nas regiões Centro-Atlântico e Nordeste. No entanto, os recentes picos de temperatura estratosférica estão a causar preocupações sobre os impactos que poderão ter no futuro.
Amy Butler, cientista e investigadora do Laboratório de Ciências Químicas da NOAA, disse ao jornal norte-americano que os eventos de aquecimento estratosférico que desequilibram o vórtex polar são disparados por um fluxo ascendente de “ondas atmosféricas em larga escala”.
A estratosfera pode então transferir energia em ondas que se movem para baixo, levando a condições de temperaturas muito baixas em algumas regiões. Isso aconteceu, por exemplo, no inverno de 2013 a 2014, quando pedaços do vórtex polar causaram queda de neve pesada na Europa e Estados Unidos.
Ricardo Tavares, meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), explicou à Executive Digest que esta separação do vórtex polar «vai trazer uma massa de ar bastante mais fria essencialmente no Norte da Europa, já a partir de dia 7 de janeiro».
O responsável indica que esta massa de ar atinge sobretudo a Alemanha, chegando até França e talvez Norte de Espanha. Em Portugal «não há assim uma diferença substancial em relação ao frio dos últimos tempos, (a massa de ar) poderá ser ligeiramente mais fria, mas já não vai chegar com a mesma intensidade», afirma.
«Não há uma mudança significativa da massa de ar em relação àquela que temos sentido nos últimos dias, e as temperaturas também não vão sofrer grandes variações ao longo dos próximos dias», indica Ricardo Tavares. «É possível que venha a ser emitido algum aviso laranja de tempo frio, mas será uma situação pontual num determinado distrito», acrescenta.
O responsável explica que «as temperaturas vão estar abaixo da média como tem acontecido, mas não são valores tão extremos», porque «não é exatamente a mesma massa de ar que vai afetar o Norte da Europa. Vai acabar por chegar (a Portugal) mas mais alterada, não tão mais fria».














