Escalada recorde do ouro alimentada por ‘compradores improváveis’
O aumento do preço do ouro para o nível mais alto de todos os tempos está a conquistar uma ampla base de fãs junto dos fundos de pensão, companhias de seguros e especialistas em património privado.
A existência deste leque mais amplo de compradores é uma das principais dinâmicas por detrás da escalada rumo aos 2.000 dólares a onça, mesmo que os clientes tradicionais do ouro na Índia e na China permaneçam à margem, noticia a ‘Bloomberg’.
No passado, quando os títulos ofereciam rendimentos mais elevados, muitos investidores recorriam muito pouco ao ouro. Um amplo portefólio de ações e títulos poderia gerar um rendimento confiável, e os dois ativos acabavam por se equilibrar entre si durante as negociações de mercado. O ouro, que não oferece renda, é difícil de avaliar e guardá-lo pode custar muito dinheiro.
Mas diante deste ‘novo normal’ estas contas mudaram. Com 15 biliões de dólares em dívidas que oferecem rendimentos negativos e a Federal Reserve a manter taxas próximas de zero num futuro próximo, alguns investidores em Wall Street já se questionam sobre a mais-valia de deter títulos e procuram outros ativos para se proteger contra a volatilidade do património.
“Os títulos públicos seguros sempre desempenharam um papel muito importante como diversificador de portefólio e continuarão a ser, mas temos que reconhecer que a sua potência está a diminuir devido ao baixo nível de rendimento”, disse Geraldine Sundstrom, da Pacific Investment Management Co., em Londres, à ‘Bloomberg’.
“Precisamos diversificar nosso diversificador e procurar um porto seguro além dos títulos do governo”, reforçou.
Na semana passada, o banco privado suíço Lombard Odier & Cie SA disse que acrescentou o ouro à sua “alocação estratégica de ativos”, enquanto o Arbuthnot Latham & Co., um banco privado que administra carteiras com fundos e pensões pessoais, revelou que comprou mais ações de empresas de mineração de ouro.
Mesmo assim, a posse de ouro entre a classe profissional é vista como baixa. O valor total das posições dos investidores em futuros de ouro e fundos negociados em bolsa equivale a apenas 0,6% dos 40 biliões em fundos globais, segundo Joni Teves, estrategista do UBS Group AG.
O fascínio sobre o ouro pode ser simplesmente o facto de tendencialmente se sair bem durante os períodos de inflação ou quando as ações tropeçam – cenários bem prováveis no contexto atual. Os seus preços subiram 29% este ano e foram negociados a cerca de 1.955 dólares a onça na quarta-feira.