Durante décadas, o foco esteve quase sempre na eficiência: secretárias alinhadas, salas de reunião fechadas e pouco mais. Hoje, a conversa é outra. O impacto do espaço físico na saúde e no desempenho das pessoas passou para a linha da frente. E há um elemento que ganhou terreno: o contacto com a natureza. Um jardim, uma varanda ou um terraço já não são detalhes decorativos. Tornaram-se escolhas estratégicas, com efeitos concretos no bem-estar e na produtividade.
Quem passa o dia fechado entre quatro paredes sabe bem como a ausência de luz natural ou de verde pesa no corpo e na mente. Estudos em psicologia ambiental confirmam aquilo que a experiência já nos dizia: basta ter uma janela com vista para árvores ou acesso a um espaço verde para que os colaboradores se sintam mais equilibrados e motivados. Pelo contrário, ambientes fechados e sem estímulos naturais tendem a provocar maior fadiga mental. É por isso que cada vez mais empresas percebem que abrir espaço ao ar livre não é luxo, é investimento com retorno.
Na prática, não falamos apenas de encher a sala de vasos. Muitas organizações investem em mesas, cadeiras e até sofás para exterior confortáveis e duradouros, para criar zonas de convívio preparadas para o uso diário. O detalhe faz a diferença: uma varanda equipada transforma-se num refúgio onde se respira fundo, recarregam-se energias e volta-se ao trabalho com outro ânimo.
Bem-estar que puxa pela produtividade
Os ganhos são fáceis de perceber. Pesquisas internacionais mostram que escritórios com elementos verdes registam aumentos na produtividade e melhorias na concentração, na eficiência e até na criatividade. Não é magia: uma mente que descansa, regressa ao trabalho mais clara e focada.
Vale a pena recordar que o bem-estar não mexe apenas na performance individual. Também influencia as relações entre colegas e a vontade de ficar numa empresa. Em Portugal, mais de metade dos trabalhadores já espera que o empregador tenha um papel ativo na promoção da saúde mental e física. Ignorar essa expectativa pode sair caro, tanto em rotatividade como na perda de talento.
Espaços exteriores que moldam a cultura
De norte a sul da Europa — e também em Portugal — já se veem hortas urbanas em rooftops, jardins corporativos e terraços multifuncionais. Não são apenas espaços de pausa. São também pontos de encontro e de coesão. Cuidar de uma horta em equipa, por exemplo, cria laços e um sentimento de pertença que dificilmente se gera numa sala de reuniões.
Por outro lado, com o modelo híbrido a ganhar força, os ambientes exteriores tornam-se ainda mais valiosos. Quem só vai ao escritório alguns dias por semana quer sentir que vale a pena a deslocação. E aqui um terraço bem pensado, ou um pátio que convida ao convívio, pode ser o fator que transforma a ida ao escritório numa experiência positiva.
Uma aposta que reforça reputação e talento
Se pensarmos bem, este investimento vai além do bem-estar imediato. Também projeta a imagem da empresa. Num mercado competitivo, oferecer condições de trabalho diferenciadas pode ser a chave para atrair e reter talento. Os números falam por si: empresas que apostam em estratégias de wellness registam menos absentismo e maior lealdade das suas equipas.
Hoje, o escritório deixou de ser apenas um espaço de produção. É um reflexo da cultura e dos valores da organização.














