A nova Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos sustenta que a Europa enfrenta um “iminente e total desmantelamento cultural”, atribuindo responsabilidades à União Europeia, à imigração e ao que considera serem políticas que minam a soberania e a identidade do continente. De acordo com o jornal ‘POLITICO’, o documento divulgado pela administração Trump descreve um cenário de “apagamento da civilização” nas próximas duas décadas.
O Governo americano defende que os maiores problemas europeus passam por políticas transnacionais que “minam a liberdade política”, modelos migratórios que “estão a transformar o continente” e mecanismos de censura que limitariam a liberdade de expressão. A estratégia aponta ainda para o declínio das taxas de natalidade, a perda de identidades nacionais e a “supressão da oposição política”.
Esta leitura deverá encontrar eco nos partidos de extrema-direita europeus, que têm centrado os seus programas eleitorais na crítica à UE, na defesa de restrições migratórias e num discurso patriótico de reversão do declínio percebido.
Alinhamento com partidos nacionalistas europeus
A administração Trump afirma que os EUA pretendem encorajar partidos “patrióticos” europeus que partilham afinidades ideológicas com o movimento MAGA. Washington tem reforçado contactos com formações de extrema-direita na Alemanha e em Espanha, sugerindo até que poderá apoiar forças políticas alinhadas com a sua visão.
Na nota introdutória ao documento, Trump descreve a estratégia como um “roteiro” para garantir a primazia dos EUA e preservar o país como “lar da liberdade”.
Teoria da “grande substituição” surge no documento
A estratégia retoma ideias associadas à teoria da conspiração da “grande substituição”, afirmando ser “plausível” que alguns Estados-membros da NATO se tornem maioritariamente não europeus nas próximas décadas devido à imigração. O texto sublinha que a Europa continua “estrategicamente e culturalmente vital” para os EUA, mas a análise acompanha declarações anteriores do Governo americano, incluindo críticas expressas pelo vice-presidente JD Vance sobre imigração e liberdade de expressão.
Ucrânia, paz e expansão da NATO
A guerra na Ucrânia é mencionada brevemente, com Washington a considerar que o fim do conflito é do interesse dos EUA para restaurar a “estabilidade estratégica” com Moscovo. A administração acusa ainda “Governos minoritários instáveis” na Europa de terem expectativas “irrealistas” sobre a guerra, afirmando que dificultam os esforços de paz.
O documento rejeita igualmente a ideia de uma NATO em expansão contínua, defendendo que é necessário “impedir” essa perceção — um posicionamento alinhado com a oposição de Trump à adesão da Ucrânia, mas que, segundo o texto, também marcou a administração Biden.













