Randstad Insight: Upskilling e reskilling

As empresas modernas operam num ambiente de mudança constante e acelerada. Embora este princípio estivesse em vigor muito antes da COVID-19, a pandemia acelerou a transformação em curso na forma como as empresas funcionam e como as pessoas fazem o seu trabalho. Além disso, as novas tecnologias e a contínua escassez global de mão-de-obra tornam o panorama actual ainda mais desafiante. Upskilling e reskilling são estratégias-chave no desenvolvimento de talentos que se pode adoptar para compensar a escassez de mão-de-obra. Estas abordagens ajudam-no a enfrentar novos desafios e a tirar o máximo partido de novas oportunidades. Um programa dinâmico de upskilling e reskilling assegura que a sua organização e os seus trabalhadores estejam confortáveis com a mudança e prontos para se adaptarem.

Especialistas do World Economic Forum em 2020 sugeriram que uma mudança na utilização de talentos dentro da organização poderia ser um diferenciador crucial entre as empresas que prosperam e as que falham.

UPSKILLING E RESKILLING

A importância de estar aberto à mudança e pronto a abraçá-la, em vez de lhe resistir, está a tornar-se cada vez mais difícil para todas as empresas negar, independentemente da sua dimensão, indústria, região ou qualquer outro factor. As nossas últimas pesquisas sugeriram que a maioria dos empregadores estão plenamente conscientes da necessidade de adaptabilidade e agilidade, e prontos a investir no desenvolvimento da sua força de trabalho para que possam estar melhor preparados para o que o futuro lhes reserva.

O Skilling Today, um inquérito global da Randstad a 1099 profissionais de Recursos Humanos e 1142 trabalhadores realizado no quarto trimestre de 2020, revelou que quase 70% dos inquiridos de Recursos Humanos pediram ou exigiram que o seu pessoal tivesse um upskill ou reskill das suas qualificações para satisfazer as necessidades em mudança da sua organização. Seis em cada 10 (61%) disseram ter adoptado uma abordagem ao desenvolvimento à escala da empresa, com oportunidades de formação a serem disponibilizadas a toda a força de trabalho.

Das grandes empresas que participaram no estudo (aquelas com 10 mil trabalhadores ou mais), 80% concordaram que ser capaz de se adaptar e enfrentar novos desafios era um “imperativo” no panorama empresarial moderno.

PASSAR DA PALAVRA À ACÇÃO

Expressar o compromisso de investir no desenvolvimento contínuo da sua força de trabalho é um bom começo, mas tem de ir muito mais longe do que isto para alimentar as capacidades e atitudes de que necessitará nos anos e décadas vindouras. Dar o passo de reconhecer a importância de renovar constantemente a sua base de competências para pôr realmente em prática um plano é algo com que muitos empregadores parecem estar a debater-se.

No Relatório de Tendências Globais de Capital Humano de 2020 da Deloitte, 74% das empresas afirmaram que o reskilling da sua força de trabalho seria um factor importante ou muito importante para o seu sucesso nos próximos 12 a 18 meses. No entanto, apenas 10% disseram que se sentiam muito prontas para abordar esta tendência.

Mais de metade (53%) dos inquiridos disseram que entre metade e toda a sua força de trabalho terá de mudar as suas capacidades nos próximos três anos. Este é um empreendimento sério, particularmente para as grandes empresas, por isso é vital formar uma ideia clara do que se pretende alcançar nesta área e dos passos que o ajudarão a atingir estes objectivos.

DE “AGRADÁVEL DE TER” A “PRECISO DE TER”

Um relatório do World Economic Forum (WEF) publicado em Outubro de 2020 concluiu que o impacto da automatização no mundo do trabalho está a crescer mais rapidamente do que o esperado. Previa que os processos automatizados deslocariam 85 milhões de empregos nos próximos cinco anos.

Contudo, também projectou que a “revolução robótica” irá criar 97 milhões de novos empregos, mas as empresas terão de investir no reskilling e no upskilling dos seus trabalhadores para aproveitar ao máximo estas oportunidades.

A directora executiva do WEF, Saadia Zahidi afirmou: «As empresas, os governos e os trabalhadores devem planear urgentemente trabalhar em conjunto para implementar uma nova visão para a força de trabalho global.»

Este relatório alinha-se com investigações independentes do LinkedIn. No seu Workplace Learning Report de 2022, a plataforma de redes profissionais salientou que as competências dos seus membros tinham mudado aproximadamente 25% ao longo dos últimos seis anos. Além disso, estes mesmos membros antecipam uma mudança de 40% até 2025. O relatório coloca firmemente o upskilling e o reskilling como prioridades urgentes de L&D para a próxima década.

TIRANDO PARTIDO DAS NOVAS TECNOLOGIAS

À luz do incalculável impacto que o avanço tecnológico já teve na vida e no trabalho no século XXI, há poucas dúvidas de que a inovação e a evolução tecnológica contínua continuará a transformar as empresas e as indústrias ao longo da década de 2020 e mais além.

Para que o seu negócio tenha sucesso, precisa de se certificar de que está a colher os benefícios da mudança e a transmitir estas vantagens à sua força de trabalho e aos seus clientes. No entanto, isto será difícil de conseguir se enfrentar graves carências de competências e se não tiver um plano eficaz para as resolver.

Mais de metade (55%) dos líderes empresariais inquiridos para o Future of Jobs 2020 do WEF citaram as lacunas de competências no mercado de trabalho local como o seu maior obstáculo à adopção de novas tecnologias. Seguiu-se a incapacidade de atrair talentos especializados (47%) e lacunas de competências a nível de liderança (41%).

Assim como a “carruagem sem cavalos” originou uma indústria de apoio automóvel e abastecimento de combustível, os robôs e a tecnologia impulsionada por robôs requerem engenheiros de software, técnicos de manutenção e operadores. Contudo, a actualização para a Inteligência Artificial (IA) ou tecnologia digital antes de o seu negócio estar pronto pode ser uma receita para o desastre, e é por isso que o desenvolvimento de Recursos Humanos é crítico nesta conjuntura.

Dar prioridade a reskilling e upskilling da sua força de trabalho irá ajudá-lo a manter-se no lado certo da mudança em áreas-chave como a computação em nuvem, grandes análises de dados, aprendizagem de máquinas e IA.

COMO AS EMPRESAS ABORDAM O RESKILLING

A escassez de competências é uma questão significativa para organizações em todo o mundo, e há várias abordagens que pode adoptar. A táctica mais comum é a contratação, que é utilizada por mais de dois terços das empresas na América do Norte, Europa, Ásia-Pacífico, América Latina e Índia para colmatar lacunas de competências.

O estudo realizado pela McKinsey mostrou que 67% dos empregadores indianos e 61% dos europeus se concentram na construção de competências dentro da sua força de trabalho. Quase seis em 10 organizações na América do Norte (57%) e nos mercados da Ásia-Pacífico (56%) dependem geralmente de freelancers ou trabalhadores contratados para fornecer capacidades difíceis de encontrar, enquanto 53% dos inquiridos na Índia disseram que se concentram no redeployment.

Olhando para o futuro, a McKinsey observou que será cada vez mais importante para os empregadores apoiarem o desenvolvimento de competências à medida que mais tarefas são automatizadas e os papéis são redesenhados para englobar diferentes responsabilidades e actividades.

SOFT SKILLS – UMA PRIORIDADE

As tecnologias em rápida evolução, e as capacidades técnicas necessárias para as utilizar e delas retirar valor, serão, sem dúvida, cruciais nos próximos anos.

No entanto, os empregadores não devem ignorar as competências transversais, que ajudam a assegurar o bom funcionamento das organizações e a manter relações positivas com os seus clientes e parceiros.

O relatório Skilling Today da Randstad demonstrou a seriedade com que os líderes empresariais encaram as soft skills, com 67% dos inquiridos de Recursos Humanos a dizerem que os seus trabalhadores tinham frequentado cursos de soft skills e desenvolvimento pessoal.

As regiões do mundo e as suas empresas de origem priorizam estas competências transversais de forma diferente. Por exemplo, no Relatório L&D de 2022 da Find Courses, os EUA comprometeram-se a gastar 29% do financiamento no reforço das soft skills, enquanto o Reino Unido planeia utilizar apenas 8%. No entanto, a formação em competências de gestão e liderança encabeçou as listas de ambos os países, representando 45% do orçamento dos EUA e 37% do do Reino Unido.

Ajudar os colaboradores a adaptarem-se à mudança foi semelhante entre os dois países, com percentagens por volta dos 15-16%.

E, no final, apoiar o crescimento do seu pessoal em áreas como comunicação, colaboração e liderança será tão crucial para o seu sucesso a longo prazo como adquirir e nutrir hard skills.

BENEFÍCIOS DOS TRABALHADORES

Uma das razões mais convincentes para investir em reskilling e upskilling é que pode revelar- se tão benéfica para os trabalhadores como para o negócio. Os indivíduos a quem é dado tempo e oportunidade para desenvolver competências e aprender coisas novas terão uma maior sensação de realização dos empregos. Também aumentarão o seu valor para a empresa, colocando-os numa posição mais forte para receberem salários mais elevados, e aumentarão a sua futura empregabilidade.

Os resultados do inquérito Skilling Today mostraram que 44% das organizações fornecem programas de competências em resposta à procura dos trabalhadores. Mais de metade (55%) afirmaram que tinham aumentado as suas qualificações ou requalificado para aprender coisas novas ou renovar as capacidades existentes, enquanto 75% disseram que os cursos que tinham frequentado tinham sido muito úteis.

Há vantagens universais a ganhar com o investimento em skilling, reskilling e upskilling. Quanto mais cedo se agir, mais se pode beneficiar.

Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 216 de Março de 2024

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