Por Raul Neto | CEO da Randstad Portugal
Nos últimos anos, o mercado de trabalho passou por transformações profundas, instaurando-se uma necessidade cada vez mais premente de repensar o emprego como um tema em que o único fator determinante é a remuneração.
Na Randstad, desenvolvemos anualmente o Workmonitor que analisa as tendências do trabalho, um estudo que na sua edição de 2025 ouviu mais de 26 mil pessoas em 35 países distintos, e que vem confirmar que, hoje, os trabalhadores já não veem o emprego apenas como uma fonte de rendimento e esperam cada vez mais das suas entidades patronais. Critérios como propósito, sentimento de pertença e desenvolvimento contínuo de competências tem cada vez mais peso na hora de decisão de manter ou escolher um novo emprego.
É claro que os trabalhadores valorizam cada vez mais valorizam a sua identificação com os valores do empregador, aliado a temas como o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, derivado da crescente valorização do tema flexibilidade (temporal e de localização). O sentimento de pertença também é referido como impactante no momento da decisão, derivado de apreciarem ambientes não tóxicos, em que a transparência e a confiança mútua são alicerçadas, reforçando a importância de uma cultura organizacional saudável. O terceiro vetor mais notado está relacionado com a importância crescente dada ao desenvolvimento de competências, aspeto fundamental para progressão na carreira.
Estas conclusões devem servir de orientação às empresas que tenham como como primordial reter ou atrair talento. E olhando para estes dados, que desafios se colocam hoje às empresas?
Ao longo de décadas, o trabalho ocupou uma parte central na vida das pessoas – em abono da verdade, ainda hoje ocupa, não fosse onde passamos a maior parte do nosso dia -, pelo que se vai compreendendo cada vez mais que trabalhadores que se sintam bem e que se identifiquem com a organização em que trabalham são mais produtivos, o que, no fim do dia, significa um maior crescimento económico para a empresa.
E seguramente, uma empresa que está atenta às necessidades dos seus colaboradores também consegue criar um sentimento de pertença, que estimula a continuidade e o crescimento dentro da organização, o que permite à empresa ter profissionais mais qualificados, ágeis com a metodologia interna e que querem contribuir para o desenvolvimento da organização.
No fundo, este estudo revela que estamos perante um novo modelo de trabalho, em que os trabalhadores valorizam critérios que os ajudam a responder a três aspetos fundamentais: Porque é que trabalhamos em determinado emprego, estando alinhado com os próprios valores? Com quem queremos trabalhar, promovendo o sentimento de pertença? E, como é que a forma como trabalhamos potencia o meu desenvolvimento?
Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 226 de Janeiro de 2025














