Portugueses poderão ter de fornecer cinco anos de atividade nas redes sociais para visitar os EUA

Medida afetaria viajantes de dezenas de países que atualmente podem visitar os EUA por até 90 dias sem visto, utilizando o Sistema Eletrónico de Autorização de Viagem (ESTA), como é o caso em Portugal

Francisco Laranjeira
Dezembro 10, 2025
12:47

Os turistas portugueses que planeiem viajar para os EUA podem vir a ser obrigados a fornecer um histórico detalhado de cinco anos das suas redes sociais como condição de entrada, segundo uma nova proposta apresentada por autoridades americanas. A medida afetaria viajantes de dezenas de países que atualmente podem visitar os EUA por até 90 dias sem visto, utilizando o Sistema Eletrónico de Autorização de Viagem (ESTA), como é o caso em Portugal.

A proposta foi divulgada pela Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) e pelo Departamento de Segurança Interna (DHS) e encontra-se em consulta pública por 60 dias, indicaram os britânicos da ‘BBC’. O documento indica que os candidatos ao ESTA terão de fornecer os seus perfis de redes sociais dos últimos cinco anos, além de números de telefone e endereços de e-mail utilizados nos últimos cinco e dez anos, respetivamente, bem como informações sobre familiares.

Atualmente, o pagamento para solicitar o ESTA é de 40 dólares, cerca de 37 euros. O sistema está disponível para cidadãos de aproximadamente 40 países, incluindo Portugal, e permite várias viagens aos EUA durante um período de dois anos. A medida visa reforçar a segurança nacional, segundo o Governo Trump, que desde janeiro tem adotado políticas mais rigorosas na fronteira americana.

Além do ESTA, cidadãos estrangeiros que solicitam vistos de estudante ou vistos H1B, destinados a trabalhadores qualificados, já são obrigados a tornar públicas as suas contas nas redes sociais. Esta política visa identificar quem possa “defender, auxiliar ou apoiar terroristas estrangeiros” ou praticar assédio e violência ilegais.

Analistas alertam que a exigência de informações adicionais pode causar atrasos na aprovação do ESTA e criar obstáculos ao turismo. O impacto económico poderá ser relevante, especialmente numa altura em que os EUA esperam um aumento significativo de visitantes devido à Copa do Mundo de futebol masculino, que será coorganizada com Canadá e México, e aos Jogos Olímpicos de 2028 em Los Angeles.

O Conselho Mundial de Viagens e Turismo indicou que, ainda este ano, os EUA foram a única das 184 economias analisadas a prever uma redução nos gastos de visitantes internacionais, consequência de políticas de restrição de viagens já implementadas, como boicotes de turistas canadianos a viagens aos EUA. No passado, gastavam mais de 20 mil milhões de dólares por ano, aproximadamente 18,5 mil milhões de euros.

Organizações de defesa de direitos digitais, como a Electronic Frontier Foundation, criticaram o plano, considerando que pode agravar os constrangimentos às liberdades civis. Especialistas em direito imigratório também alertam para impactos práticos, incluindo atrasos e burocracia acrescida para turistas portugueses e de outros países abrangidos pela medida.

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