Políticos europeus – incluindo secretário de Estado português – com “químicos eternos” no sangue, revela estudo

A convite da Dinamarca, 25 decisores políticos de 19 países europeus testaram a presença no sangue de diferentes substâncias perfluoroalquiladas, conhecidas como compostos “químicos eternos”. Todos testaram positivo

Executive Digest
Outubro 7, 2025
9:03

Análises ao sangue de figuras políticas europeias revelam que não apenas cidadãos comuns, mas também quem ocupa cargos de decisão está contaminado por PFAS — substâncias químicas de longa persistência e reconhecido risco para a saúde. Os testes do estudo – que pode consultar aqui – mostraram que foram detetados múltiplos “químicos eternos” nos organismos dos participantes no estudo.

A convite da Dinamarca, 25 decisores políticos de 19 países europeus testaram a presença no sangue de diferentes substâncias perfluoroalquiladas, conhecidas como compostos “químicos eternos”. Todos testaram positivo, incluindo o secretário de Estado do Ambiente de Portugal, João Manuel Esteves.

Este tipo de iniciativa visou sobretudo aumentar a consciencialização pública e pressionar por legislação mais restritiva quanto ao uso destas substâncias. Foram convidadas figuras de relevância — incluindo vice-presidentes da Comissão Europeia e deputados no Parlamento — a submeterem-se a análises para deteção de 13 compostos PFAS.

Os resultados apontam para a presença de até sete PFAS diferentes em todos os participantes, com concentrações entre 3,24 e 24,66 microgramas por litro. Cinco dos líderes analisados ultrapassaram os limiares considerados seguros para determinados compostos. Tal como relatou o ‘Público’, entre os PFAS encontrados estão o PFOA, PFOS, PFNA, PFDA e PFHxS, substâncias já conhecidas por se acumularem e persistirem no ambiente e no corpo humano.

Além disso, estes dados mostram que ninguém está isento desta contaminação: “A contaminação por PFAS não discrimina ninguém. Todos nós somos vítimas”, afirmou uma porta-voz da campanha.

Quem participou e que implicações para a saúde

Entre os políticos testados figuram altos cargos da Comissão Europeia e da Agência Europeia do Ambiente. O estudo evidenciou que esses líderes apresentaram, em comum, quatro ou mais dos 13 compostos analisados nos seus tecidos sanguíneos.

Os PFAS têm sido associados a doenças graves, incluindo cancro, disfunções hormonais, infertilidade, perturbações do sistema imunitário e problemas do funcionamento renal. A presença destas substâncias em pessoas com poder decisório assume-se como especialmente simbólica: reforça a urgência de ação política firme.

Apesar de alguns PFAS já terem sido proibidos ou restringidos na União Europeia, a persistência no ambiente e a existência de muitos outros ainda em uso fragilizam o combate eficaz ao problema. A pressão de organizações como o Gabinete Europeu do Ambiente (EEB) e a ChemSec leva a um apelo esta terça-feira para a proibição ampla destas substâncias.

Este apelo traduz-se também em propostas legislativas concretas: num momento em que cinco Estados-membros já pressionam por medidas regulatórias, a morosidade do processo legislativo europeu significa que a eliminação gradual de PFAS pode demorar anos.

Partilhar

Edição Impressa

Assinar

Newsletter

Subscreva e receba todas as novidades.

A sua informação está protegida. Leia a nossa política de privacidade.