Venezuela e Guiana encontram-se hoje para resolver disputa do território de Essequibo e acalmar tensão na região

Os presidentes da Venezuela e da Guiana vão reunir-se esta quinta-feira, em São Vicente e Granadinas, sobre a disputa do território de Essequibo, rico em petróleo e reivindicado por Caracas, segundo anunciou o Governo do arquipélago anfitrião.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, que tenta mediar o conflito, estará presente “a pedido” de ambas as partes.

Os presidentes Nicolas Maduro e Irfaan Ali aceitaram “esta reunião realizada sob os auspícios da CELAC”, a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, da qual o primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, detém a presidência rotativa, “e da CARICOM”, a Comunidade das Caraíbas, de acordo com um comunicado do chefe do governo do arquipélago que acolherá o encontro.

“Vamos todos assumir a resolução de fazer deste encontro histórico um sucesso”, concluiu Ralph Gonsalves.

Caracas já havia anunciado uma reunião de “alto nível”, após conversas hoje entre os presidentes Maduro e Lula.

Lula da Silva tinha aconselhado, numa conversa telefónica, o seu homólogo venezuelano a não tomar “medidas unilaterais” que agravem o conflito fronteiriço entre a Venezuela e a vizinha Guiana.

O presidente do Brasil, cujo Governo enviou reforços militares para a sua fronteira norte, reiterou também a “crescente preocupação” de outros países sul-americanos, que numa declaração conjunta tinham convidado “ambas as partes a dialogar e a procurar uma solução pacífica”.

O presidente colombiano, Gustavo Petro, seguiu o exemplo, dizendo na rede X (antigo Twitter) que “o maior infortúnio que poderia acontecer à América do Sul seria uma guerra”.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, também conversou por telefone com o secretário-geral da ONU acerca do diferendo com a Guiana pelo território Essequibo.

O Ministério de Relações Exteriores venezuelano anunciou que o “presidente Nicolás Maduro falou com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que se comprometeu a promover esforços a favor do diálogo direto entre as partes e recordou que tem disponibilizado os seus meios para a resolução do diferendo”.

A região de Essequibo, que aparece nos mapas venezuelanos como “zona em reclamação”, está sob mediação da ONU desde 1966, quando foi assinado o Acordo de Genebra.

A descoberta de vastas jazidas de petróleo pela empresa norte-americana ExxonMobil em 2015 e as licitações da Guiana para exploração na área reavivaram a disputa de longa data sobre Essequibo, um território de 160.000 quilómetros quadrados administrado pela Guiana, mas que a Venezuela reivindica argumentando que a verdadeira fronteira é a que remonta ao império espanhol em 1777.

Os dois países têm trocado acusações há vários dias e o Conselho de Segurança da ONU reuniu-se à porta fechada na sexta-feira à noite, mas não houve qualquer declaração ou comunicação no final da reunião.

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