Utentes deixam de ter acesso ao mapa das urgências fechadas: Governo dá instruções para que não haja divulgação pública

Os utentes vão deixar de ter acesso ao mapa das urgências, em particular as obstétricas e pediátricas, fechadas por incapacidade de resposta, indica esta terça-feira o jornal ‘Expresso’, após instruções do Governo às unidades do SNS para enviarem as escalas de cuidados para a Linha SNS24 sem divulgação pública e com um planeamento apenas mensal, deixando a publicitação online trimestral.

“Todas as escalas das urgências hospitalares estão carregadas no sistema do SNS24, que consulta e coordena em tempo real as disponibilidades que existem. Paralelamente, o Ministério da Saúde tem no terreno membros da task force em contacto permanente com os hospitais do SNS”, refere ao semanário fonte do Ministério da Saúde. “Consideramos que a publicação e necessidade de consulta pelos utentes de mapas estáticos não constitui a melhor resposta e situações de urgência.”

A nova orgânica do planeamento das urgências já está a funcionar desde sábado, com a nova linha dedicada às grávidas, na qual as mulheres contactam o SNS24 e são depois redirecionadas para o atendimento obstétrico – o encaminhamento das grávidas é assegurado com um novo algoritmo de resposta.

“No atendimento, podem existir alguns enfermeiros especialistas, mas a resposta é suficiente porque aplicam um algoritmo. Existia já um algoritmo para o atendimento de grávidas que agora foi revisto, aprovado pela Direção-Geral da Saúde e já incorporado na linha”, indica Luís Filipe Barreira, bastonário da Ordem dos Enfermeiros.

De acordo com o ministério liderado por Ana Paula Martins, a metodologia é a necessária para dar resposta. “Todas as escalas das urgências hospitalares estão carregadas no sistema do SNS 24” e no caso das mais deficitárias, que levam aos fechos rotativos por falta de médicos, “pediatria e obstetrícia, são geridas em tempo real pelo SNS 24, tendo as grávidas um atendimento via uma linha própria”. Já sobre o número de enfermeiros no atendimento, “os cerca de 1.600 enfermeiros são, para já, suficientes para dar resposta à linha SNS Grávida”. “Se se verificar que são necessários mais, haverá ajustamentos”, indica.

O Plano de Verão do Governo para a Saúde continua por fazer, segundo o coordenador do grupo de trabalho encarregue do planeamento, Eurico Castro Alves. “Há medidas que já foram anunciadas, há um conjunto de outras que estão pensadas e mais duas ou três que ainda não estão aprovadas, mas que pensamos que podem ultrapassar as dificuldades que já são conhecidas durante o verão, como a falta de recursos humanos. (…) Temos um plano estratégico para o verão que está ainda a ser preparado com as Unidades Locais de Saúde (ULS)”.

“Neste momento, estamos a fazer um levantamento com as ULS para identificarmos um conjunto de situações que possam causar constrangimentos aos utentes. Quando estes estiverem identificados, avançaremos com um conjunto de medidas que irão tentar minorar, ou mesmo anular, esses constrangimentos. É este plano que está em curso e devo dizer-lhe que não carece de ser apresentado, tem é de ser implementado”, relata, em entrevista ao ‘Diário de Notícias’, salientando que não haverá encerramentos de urgências.

“Devo dizer que não há encerramentos, há turnos que passam uns para os outros. E queremos otimizar os recursos para evitar isso, mas não vai haver milagres nem queremos que haja falsas expectativas. Vamos tentar evitar a rotação nos turnos, mas o mais importante é que nunca falte a assistência médica em qualquer área a quem precisar. Portanto, se o utente for atendido cinco quilómetros à esquerda ou à direita, não é isso que é importante. O que importa é que a pessoa saiba que irá ser atendida num local com a qualidade e a segurança a que tem direito”, conclui o especialista.

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