Sistema revolucionário de armazenamento de energia vai ser testado no fundo do mar Mediterrâneo
Pela sua própria natureza, as energias renováveis como a eólica ou a solar são soluções irregulares porque dependem de condições climáticas variáveis – há alguns projetos que procuram dar maior estabilidade a estas tecnologias, como painéis solares que funcionam à noite, mas a resposta mais ampla é o armazenamento de energia.
O objetivo do armazenamento é preparar o inverno energético, ou por outras palavras, estabilizar a combinação de diferentes energias renováveis com os picos de maior e menor procura: agora, só ‘falta’ encontrar a tecnologia de armazenamento mais barata, fácil de instalar e manter a eficiência.
Estes são os objetivos traçados pela startup israelita ‘BaroMar’, que está a trabalhar na instalação de um sistema de armazenamento de ar comprimido no fundo do Mediterrâneo – de acordo com a empresa, a sua solução é mais barata do que as atuais soluções de ar comprimido que estão a ser utilizadas, por exemplo, em grande escala na China. Além disso, oferece 70% de eficiência e pouquíssima manutenção.
<blockquote class=”twitter-tweet”><p lang=”en” dir=”ltr”>BaroMar, an Israel-based company, is testing an air-based battery for underwater use to regulate electrical supply. This technology aims to provide a constant power supply, especially in future grids which are expected to rely on multiple energy sources. <a href=”https://t.co/52pofs60e1″>pic.twitter.com/52pofs60e1</a></p>— Dharmishtha (@Dharmishtha_D) <a href=”https://twitter.com/Dharmishtha_D/status/1791363179689504926?ref_src=twsrc%5Etfw”>May 17, 2024</a></blockquote> <script async src=”https://platform.twitter.com/widgets.js” charset=”utf-8″></script>
Como funciona?
São colocados perto da costa parques eólicos ou solares, para ter acesso rápido a águas profundas. No fundo do mar, a empresa utiliza a pressão da água para gerir os tanques de ar comprimido de forma mais económica. Estes grandes tanques permaneceriam no fundo do mar – entre 200 e 700 metros -, sustentados pelo peso das rochas.
Assim, se houver um dia que gere mais energia do que a necessária pelo aumento do vento na central eólica, essa energia é transformada em ar comprimido na costa e levada para os tanques, onde o ar expele a água que antes os enchia. Como a pressão hidrostática da água externa é igual à pressão interna do ar, os tanques não precisam ser tão fortes ou custar tanto para instalar como os terrestres.
Existem vários tipos de tecnologias de armazenamento, as baterias ou BESS (Battery Energy Storage System) são a tecnologia mais evoluída do mercado atualmente. Mas também se trabalha com opções mais sustentáveis, como centrais reversíveis de bombagem de água, centrais solares térmicas com armazenamento, tijolos capazes de poupar energia ou centrais de ar comprimido.
O armazenamento de ar comprimido, CAES (Armazenamento de Energia de Ar Comprimido) pode ser encontrado em vários projetos – alguns de grande magnitude – e foi até proposto como um sistema de armazenamento mais sustentável para residências com energia renovável, como painéis solares.
Menos comum é a sua colocação no mar. Em 2020, a empresa francesa ‘Segula Technologies’ desenvolveu o protótipo ODySEA em Nantes, que também prometia 70% de eficiência, embora desde então quase não haja informações sobre a evolução do projeto.
A ‘BaronMan’ confiou a construção do seu projeto piloto à empresa ‘Jacobs’, que instalará o primeiro sistema na costa de Chipre. Pretendem atingir uma eficiência de ida e volta de cerca de 70%, aproximadamente a mesma da maior planta CAES do mundo.
No caso do projeto de Chipre, o modelo armazenará apenas 4 MWh, mas promete uma eficiência muito elevada em comparação com os sistemas tradicionais de ar comprimido. A empresa garante que “os tanques são projetados para resistir às cargas impostas pelo ambiente marinho, bem como à pressão do ar comprimido e da água hidrostática, tanto durante a instalação como nas condições de operação”.