SIS reage a polémica com Bordalo II e palco-altar da JMJ. Culpa é “do empreiteiro” e plano se segurança só “a partir do momento em que a obra esteja concluída”

O Sistema de Segurança Interno (SIS) reagiu esta sexta-feira, em comunicado à polémica que surgiu após o artista Bordalo II ter alegadamente entrado ‘à socapa’, vestido de trabalhador, no recinto das obras do palco-altar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) para montar a obra ‘Walk of Shame’, uma passadeira feita de notas de quinhentos euros colocada no caminho que será feito pelo Papa Francisco.

Segundo o SIS, a responsabilidade da segurança do recinto seria do empreiteiro das obras, que ainda estão a decorrer no local, e da empresa de segurança privada contratada para o efeito.

Numa nota enviada à comunicação social, o secretário-geral do Sistema de Segurança Interno, Paulo Vizeu Pinheiro, esclareceu que “a área em causa é da responsabilidade da PSP [Polícia de Segurança Pública]”, mas, por “decorrerem trabalhos de construção na zona do palco, o espaço ainda não é considerado um espaço público, sendo responsabilidade do empreiteiro da obra, bem como da empresa privada contratada para o serviço de segurança”.

Recorde-se que o ministro da Administração Interna (MAI), José Luís Carneiro referiu sobre a polémica que “dezenas” e até “centenas de pessoas” têm passado nos últimos dias pela zona onde vão decorrer alguns dos principais momentos e cerimónias da JMJ.

“Nesta fase, o fluxo de construção obriga à entrada e saída de muitos funcionários nas diferentes áreas do recinto”, explicou Paulo Vizeu Pinheiro na nota, destacando que “o plano setorial de segurança do Parque Tejo só será colocado em vigor a partir do momento em que a obra esteja concluída”.

Ainda de acordo com a nota, “antes dos eventos e logo após implementação do plano setorial de segurança, será efetuada uma vistoria aos recintos por parte da PSP e que os mesmos só serão abertos após confirmação de que reúnem as necessárias condições de segurança”.

“O SSI encontra-se a acompanhar de perto a situação e a articular com a PSP as medidas necessárias a acautelar a segurança do recinto”, acrescentou.

A instalação do artista português, intitulada “Walk of Shame” (“passadeira da vergonha”, numa tradução livre para português), composta por reproduções ‘gigantes’ de notas de 500 euros em sequência, foi divulgada pelo próprio na rede social Instagram, com imagens da produção e instalação no palco-altar no Parque Tejo, a norte do Parque das Nações, na margem ribeirinha do Tejo.

“Num estado laico, num momento em que muitas pessoas lutam para manter as suas casas, o seu trabalho e a sua dignidade, decide investir-se milhões do dinheiro público para patrocinar a ’tour’ da multinacional italiana. Habemus Pasta”, pode ler-se na publicação do artista.

O palco-altar no Parque Tejo esteve envolvido numa polémica sobre o seu custo, que resultou, em fevereiro, na redução do valor de 4,2 milhões de euros para 2,9 milhões – assegurados pela Câmara de Lisboa.

Mais de um milhão de pessoas são esperadas em Lisboa para a JMJ.

As principais cerimónias da jornada decorrem no Parque Tejo e no Parque Eduardo VII, no centro da capital.

Segundo a agenda, o Papa Francisco irá estar duas vezes no Parque Tejo, no dia 05 de agosto, para uma vigília às 20:45, e no dia seguinte, às 09:00, para a celebração da Missa de Envio.

*Com Lusa