Sete Unidades Locais de Saúde vão deixar de fazer cirurgias ao cancro da mama já a partir de abril
Cirurgias ao cancro da mama vão deixar de ser feitas em sete unidades locais de saúde (ULS) – algumas com mais de um hospital integrado – a partir de 1 de abril, indicou esta quinta-feira o jornal ‘Público’. “Deve restringir-se o tratamento cirúrgico do cancro da mama a instituições que realizem pelo menos cem cirurgias por ano e tenham pelo menos dois cirurgiões dedicados”, deliberou a Direção Executiva do SNS.
O objetivo, esclareceu o organismo liderado por Fernando Araújo, é garantir que estas intervenções passem a ser feitas num conjunto mais restrito de hospitais que tenham “um volume mínimo de atividade que confira experiência, qualidade e segurança às intervenções, de forma a trazer equidade às utentes nas várias regiões do país”.
As ULS em questão são as do Oeste, da Cova da Beira, da Guarda, de Castelo Branco, do Baixo Mondego, de Barcelos/Esposende e, por último, do Nordeste: no entanto, não quer dizer que fiquem sem resposta, a Direção Executiva indicou expressamente quais as unidades para qual os doentes devem ser encaminhados.
E quais são os destinos?
– ULS do Oeste – para a ULS da Região de Leiria ou para a ULS da Lezíria
– ULS da Cova da Beira – para a ULS de Coimbra ou IPO de Coimbra
– ULS da Guarda – deve encaminhar para a ULS de Coimbra ou IPO de Coimbra
– ULS de Castelo Branco – para a ULS de Coimbra ou IPO de Coimbra
– ULS do Baixo Mondego – para a ULS da Região de Aveiro ou IPO de Coimbra
– ULS de Barcelos/Esposende – para a ULS de Braga
– ULS do Nordeste – para a ULS de Trás-os-Montes e Alto Douro.
“As pessoas têm de ter acesso aos melhores cuidados de saúde possíveis para a patologia que têm. Em cirurgia oncológica é muito importante saber que os resultados do tratamento estão muito ligados ao volume de casos e às condições existentes”, referiu Hugo Pinto Marques ao jornal diário, coordenador do Grupo de Trabalho para a Elaboração da Rede de Referenciação Hospitalar de Cirurgia Geral. No caso específico do cancro da mama, referiu, “é preciso haver um número mínimo de cirurgias, de doentes tratados pela oncologia, e condições infraestruturais que incluam, por exemplo, material de radiologia para se poder identificar as lesões antes de operar”.
“Há instituições que operam 20 doentes de cancro da mama por ano. Não é razoável que uma instituição que opere dois ou menos doentes por mês continue a fazer este tipo de cirurgia. O volume mínimo convencionado pela Sociedade Portuguesa de Senologia foi de cem doentes por ano. Aceitamos que se seja mais maleável, mas, partir de um certo limite, já não é razoável”, explicou Hugo Pinto Marques.