Semana de quatro dias de trabalho: “Anúncio é prematuro, desequilibrado e arriscado”, diz CIP

O Governo apresentou esta semana na Concertação Social o projeto-piloto da semana de quatro dias de trabalho, cuja experiência deverá arrancar em junho de 2023 em empresas do setor privado, podendo mais tarde ser estendido à administração pública.

Em reação à proposta, a CIP – Confederação Empresarial de Portugal afirmou esta sexta-feira que o “anúncio é prematuro, desequilibrado e arriscado”, acrescentando que “a experiência defendida pelo Governo não foi amadurecida e aprofundada. Ignora a incerteza que atinge Portugal e o mundo. Acrescenta ruído a um ano de extraordinárias dificuldades”.

“A medida — o projeto-piloto — é prematura porque não se encontra ainda pensada e amadurecida o suficiente de modo a poder representar, de facto, uma experiência útil para todos os parceiros. A discussão e análise das consequências deveria ter-se prolongado de modo a evitar erros que, sem a atual precipitação, seriam mais fáceis de evitar”, explica a CIP em comunicado.

A confederação explica que considera a medida desequilibrada porque “existem custos evidentes para as empresas, já que existirão menos horas de trabalho por colaborador e o mesmo peso salarial” e refere ainda a produtividade que, “embora não seja obviamente o único pilar a ter em conta, não pode ser excluída da decisão e do enquadramento a definir”.

“Existindo formas de encontrar o justo balanço, a ideia do Governo não resolve suficientemente a questão. Como tem sido habitual, o Executivo conta que grande parte do esforço seja suportado pelas empresas numa eterna multiplicação dos custos e encargos. A CIP alerta para o impacto na competitividade do país.”

Por fim, considera a medida arriscada “porque é lançada e executada num período de enorme incerteza económica em que os esforços de todos deveriam estar concentrados na resolução dos problemas urgentes que enfrentamos”.

Tendo em conta o cenário enfrentado por Portugal – crise energética, inflação galopante, aumento repentino e acentuado das taxas de juro e a falta de profissionais em diversos sectores – “lançar neste preciso momento de indefinição nacional e global a semana de quatro dias significa apenas acrescentar mais uma variável a um contexto que já é de máxima dificuldade. Significa também acrescentar mais ruído no debate público, transmitindo uma ideia errada: que 2023 será um ano fácil para os portugueses. Infelizmente, não vai ser assim, dizem todas as instituições internacionais, apesar de todos os esforços que os empresários e os trabalhadores estão a fazer”.

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