O Papa Francisco tem gozado de uma onda de popularidade, mas a visão de futuro para a Igreja Católica que o sumo-pontífice tem não agrada a todos, especialmente aos setores mais conservadores. É o caso do bispo Joseph Strickland, de Tyler, no Texas, EUA.
Strickland tem dado que falar este anos, depois de ter acusado Francisco de estar a “destruir” a Fé Católica a partir de dentro, sugerido que os altos responsáveis do Vaticano já não são católicos e que a reunião do Sínodo desta semana, no Vaticano, é uma “ameaça” às “verdades básicas” da doutrina da Igreja Católica.
A oposição ao líder da Igreja Católica acelerou nos últimos meses e, segundo o The New York Times, já levou o Vaticano a abrir uma investigação interna ao caso, que mantém debaixo de olho atento.
O bispo de Tyler tornou-se numa voz da ala mais tradicionalista e conservadora da Igreja norte-americana, mas as tensões criadas com o Vaticano já levaram a rumores de que o responsável poderá ser obrigado a renunciar ao lugar, e ao sacerdócio, algo que Strickland tem recusado recorrentemente.
“Eu não poso renunciar enquanto bispo de Tyler, porque isso seria um abandono do rebanho que o Papa Francisco me entregou para cuidar”, escreveu o bispo numa carta aberta para os Católicos da sua diocese.
No entanto, o bispo admite que, se o Papa lhe fizer expressamente o pedido, não terá outras escolha que não seja aceitar o afastamento.
No entanto, poderá não ser do interesse da Santa Sé uma ‘guerra aberta’ com o polémico bispo: tem grande poder de influência entre os católicos conservadores norte-americanos e tem bastante popularidade nas redes sociais e meios de comunicação social, tendo um programa de rádio próprio e mais de 145 mil seguidores na rede social X.
O bisco Strickland adiantou que os investigadores enviados pelo Vaticano que o questionaram “pareciam ter interesses específicos”, mas a Santa Sé não confirma nenhuma investigação, que terá sido feita em segredo.
“Não quero ser voluntário para perder a cabeça. Mas, com honestidade, prefiro perder a minha fé do que a minha cabeça”, disse recentemente numa entrevista, quando questionado sobre o que faria se recebesse ordens para se afastar.
Strickland tem sido muito vocal nas críticas ao papa, quando o tema está relacionado com a Comunhão, o divórcio, o aborto e o casamento entre pessoas do mesmos exo e direitos das pessoas LGBTQ+.
Por exemplo, foi este bispo que organizou os protestos contra a equipa Los Angeles Dodgers, por terem homenageado um grupo de ativistas LGBTQ+ que incui membros que, em performances de ‘drag’ se vestem de freiras.
Perante o Sínodo que esta quarta-feira começa em Roma, e que pela primeira vez contará com a participação de mulheres e leigos, o bispo do Texas diz que será “uma tentativa de alguns de mudar o foco do Catolicismo, que é a salvação eterna das almas em Cristo, para uma tentativa de fazer com que todas as pessoas se sintam afirmadas, independentemente das escolhas que fizeram ou irão fazer na sua vida”.
“Não há que ganhe [no caso do afastamento do bispo]. São dois comboios a avançar um contra o outro, em colisão”, ilustra Robert Flummerfelt, especialista de direito canónico, que explica que, caso o papa Francisco determinasse o afastamento do bispo, este seria colocado numa posição sem qualquer poder ou influência, ou obrigado a reformar-se.














