Repensar a NATO, tropas no México e ‘Iron Dome’ nos EUA: o que se sabe até agora da política externa de Trump?

O antigo presidente republicano Donald Trump está a planear fundamentalmente alterar a relação dos Estados Unidos com a NATO caso conquiste um novo mandato de quatro anos na Casa Branca – durante a campanha, o candidato sugeriu igualmente enviar forças armadas para o México para combater cartéis de drogas e impor tarifas expansivas tanto a países amigos como a inimigos.

Recorde algumas das propostas da política externa com que Trump se comprometeu caso vença as eleições presidenciais em novembro:

NATO, Ucrânia e aliados europeus

Donald Trump salientou que sob a sua presidência, a América repensaria fundamentalmente “o propósito e a missão da NATO”. Disse também que pediria à Europa que reembolsasse os Estados Unidos pelos “quase 200 mil milhões de dólares” em munições enviadas para a Ucrânia, e não se comprometeu a enviar qualquer ajuda adicional a Kiev se fosse eleito. Recorde-se que Trump cortou o financiamento da defesa à NATO na última parte do seu mandato e foram frequentes as queixas de que os EUA estavam a pagar mais do que a sua parte.

Sobre o conflito na Ucrânia, Trump garantiu que resolveria o conflito antes mesmo de assumir o cargo, em janeiro. Embora tenha apresentado poucas propostas políticas tangíveis, em entrevista à ‘Reuters’ revelou que a Ucrânia poderá ter de ceder algum território para chegar a um acordo de paz. Dois conselheiros militares do ex-presidente apresentaram um plano para acabar com a guerra, condicionando qualquer ajuda adicional em armas ao aliado do Leste Europeu à concordância de Kiev em reunir-se com Moscovo para negociações de paz.

Embora Trump tenha sinalizado no início de abril que estaria aberto ao envio de ajuda adicional à Ucrânia sob a forma de um empréstimo, permaneceu praticamente silencioso sobre a questão durante as controversas negociações do Congresso sobre um pacote de ajuda de 61 mil milhões de dólares no final desse mês.

China, comércio e tarifas

Trump ameaça frequentemente implementar novas tarifas importantes ou restrições comerciais à China – bem como a alguns aliados europeus. A proposta de Lei de Comércio Recíproco de Trump dar-lhe-ia margem de manobra para aumentar as tarifas retaliatórias sobre os países quando estes estiverem determinados a impor as suas próprias barreiras comerciais – apresentou também uma ideia de uma tarifa universal de 10%, o que poderia perturbar os mercados internacionais.

Donald Trump também apelou ao fim do estatuto de nação mais favorecida da China, um estatuto que geralmente reduz as barreiras comerciais entre as nações. Ele prometeu promulgar “novas restrições agressivas à propriedade chinesa de qualquer infraestrutura vital nos Estados Unidos”, sendo que a plataforma oficial do Partido Republicano pede a proibição da propriedade chinesa de imóveis americanos.

O ex-presidente, no entanto, raramente discute Taiwan, ou o que faria se a China invadisse, além de dizer que a China nunca ousaria invadir se ele fosse presidente.

México e narcóticos

Para Donald Trump, os cartéis de droga que operam no México vão ser classificados como organizações terroristas estrangeiras e ordenaria ao Pentágono “que fizesse uso apropriado de forças especiais” para atacar a liderança e a infraestrutura dos cartéis, o que dificilmente obteria a bênção do Governo mexicano.

Disse também que enviaria a Marinha americana para impor um bloqueio contra os cartéis e que invocaria a Lei dos Inimigos Estrangeiros para deportar traficantes de drogas e membros de gangs nos Estados Unidos.
Grupos de direitos civis e senadores democratas pressionaram pela revogação dessa lei, aprovada em 1798, que dá ao presidente alguma autoridade para deportar cidadãos estrangeiros enquanto o país está em guerra.

A nova plataforma do Partido Republicano também apela à transferência de milhares de soldados destacados no estrangeiro para a fronteira entre os EUA e o México para combater a imigração ilegal.

Conflito de Israel em Gaza

Depois de criticar pela primeira vez a liderança israelita nos dias seguintes ao ataque dos seus cidadãos pelo grupo militante palestiniano Hamas, em 7 de Outubro, Trump disse desde então que o Hamas deve ser “esmagado”. Embora a sua retórica tenha sido belicosa, propôs poucas soluções políticas, além de dizer que seria mais duro com o Irão, que está intimamente ligado a grupos classificados pelos EUA como organizações terroristas, incluindo o Hamas.

Trump também diz que tentaria deportar todos os “estrangeiros residentes” que sejam simpatizantes do Hamas. “Estrangeiro residente” é um termo legal usado para descrever residentes permanentes nos EUA, também conhecidos como titulares de ‘green card’.

Clima

Trump prometeu repetidamente retirar-se do Acordo de Paris, um acordo internacional destinado a limitar as emissões de gases com efeito estufa. Chegou a desistir durante o seu mandato, mas os EUA voltaram a aderir ao acordo sob o presidente democrata Joe Biden em 2021.

Defesa de mísseis

Donald Trump Trump prometeu construir um “campo de força” de defesa anti-mísseis de última geração em torno dos Estados Unidos. Ele não entrou em detalhes, além de dizer que a Força Espacial, ramo militar criado pelo seu Governo, teria papel de liderança no processo.

Na plataforma do Partido Republicano, o campo de força é referido como “Iron Dome”, uma reminiscência do sistema de defesa anti-mísseis de Israel, que partilha o mesmo nome.

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