Presidente da JSD acusado de ostracizar família e deixar avô a viver em casa sem condições mínimas e cheia de lixo

Arlindo tem 86 anos e há décadas que vive rodeado de lixo, em condições absolutamente desumanas. Com ele reside o filho Paulo, de 60 anos, que sofre de perturbações mentais. A situação de ambos em Odivelas é negligenciada pela família, apesar dos laços próximos com figuras políticas influentes. O neto de Arlindo, João Pedro Louro, é o presidente nacional da JSD, e o filho Pedro Louro é o presidente do PSD de Alcochete.

A situação de Arlindo e Paulo é devastadora e delicada, escreve o Correio da Manhã, que visitou o local. A casa onde vivem está num estado de degradação extrema, com lixo acumulado por todo o lado. O cheiro é insuportável e impede qualquer pessoa de percorrer todas as divisões. A cozinha está infestada de ratos, os lavatórios estão entupidos e há água estagnada há vários anos. As casas de banho deixaram de funcionar, sendo substituídas por baldes de urina e dejetos espalhados pela casa. Não há luz natural, pois Paulo tapou todas as janelas para evitar que estranhos vejam as condições em que vivem. O único eletrodoméstico que utilizam é um micro-ondas, que também é partilhado pelos ratos.

“Já tive ratos no quarto. Agora fecho a porta da cozinha e eles já não costumam ir”, disse o idoso ao Correio da Manhã.

Depois de o Correio da Manhã (CM) ter contactado João Pedro Louro, presidente da Juventude Social Democrata, este decidiu retirar o avô da habitação onde vivia. “Só para informar que o meu avô já não vive naquela casa. Tudo o que houver para resolver será feito nas próximas horas”, afirmou João Pedro Louro ao CM.

João Pedro Louro garantiu que desconhecia as condições degradantes em que o avô vivia e que já não o visitava há vários anos. Quando questionado sobre a sua responsabilidade social e moral, assegurou que não tinha conhecimento da situação. Contudo, em poucas horas, retirou o avô da habitação onde vivia há anos. No entanto, o tio Paulo ficou para trás, e o lixo continua a acumular-se.

Sónia Louro, sobrinha de Arlindo e prima de Paulo, desabafou ao jornal: “É uma vergonha. Pedi durante anos para olharem pelos familiares. O meu tio não quer saber do pai, deixa-o viver no meio do lixo. Dói-me pensar que um dia vamos encontrar os dois corpos ali abandonados. Ninguém lhes liga”.

João Pedro Louro tentou justificar-se, dizendo que passava os Natais com o avô, mas que não visitava a casa. Insinuou ainda que a culpa é dos familiares que moram ao lado e afirmou que não faria nada para proteger o tio, alegando que nem sabia que este tinha problemas mentais. “Nunca foi diagnosticado”, disse.

Pedro Louro, ex-candidato à Câmara de Alcochete, afirmou que visitou o pai em maio e realizou uma limpeza. No entanto, segundo garante o CM, tal não corresponderá à verdade.

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