“Precisamos de apostar definitivamente na demografia, mas precisamos que o Estado se empenhe nessa tarefa”, considera o Presidente da FFMS
Gonçalo Saraiva Matias, Presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos, subiu ao palco da Culturgest, na XXVII Conferência Executive Digest, para abordar um dos temas mais prementes e preocupantes do cenário nacional, a Demografia.
“A questão demográfica é a mais importante e a mais difícil de combater”, sublinha Gonçalo Saraiva Matias, explicando que Portugal esteve durante uma década a perder população pelas duas vias possíveis, natural e por imigração. Esse decréscimo populacional tem diversas consequências, sendo uma delas a sustentabilidade da Segurança Social.
No entanto, há um sinal positivo: Portugal inverteu a tendência dos saldos migratórios negativos a partir de 2017, um fator que é extremamente sensível nos ciclos económicos. Ainda assim, não é o suficiente para compensar o saldo natural. Já a partir de 2019 dá-se uma inversão importante, o saldo migratório passa a ser tão positivo que compensa o saldo natural. Essa tendência manteve-se e Portugal tem ganho população, sendo que temos hoje o número mais elevado de sempre de residentes em Portugal.
Mas a tendência demográfica tem de ser combinada com a questão do envelhecimento. Atualmente temos quase o dobro de pessoas com mais de 65 anos do que pessoas com menos de 15 anos, e a tendência é para que a pirâmide demográfica esteja cada vez mais invertida. “Apesar de termos um saldo de migrações positivo, não é necessário para reverter o problema demográfico do país”, destaca Gonçalo Saraiva Matias.
Outra realidade é a da saída dos jovens de Portugal. Em média são 50.000 por ano. Quase metade tinham ensino superior, ou seja, estamos a perder qualificações depois de Portugal investir na qualificação dos jovens. Quanto aos emigrantes, as suas qualificações são, em média, mais baixas, embora já estejamos a atrair imigrantes com melhores qualificações.
O Presidente da FFMS deixa, assim, uma ideia: “Precisamos de apostar definitivamente na demografia e atração de renteção de talento em Portugal, mas precisamos que o Estado se empenhe nessa tarefa”.
Gonçalo Saraiva Matias considera que temos uma política de sucesso de atração de investimento direto estrangeiro, com um sector do turismo com a maior força de sempre, no entanto, alerta “há um aspeto que não podemos ignorar”. “Não temos uma política de promoção internacional por parte do Estado português nem temos uma política de imigração”.
A XXVII Conferência Executive Digest juntou em palco os nomes mais relevantes do tecido empresarial nacional para debater o tema “É Agora Portugal!!! 12 ideias para melhorar o País”.
A Conferência conta com o apoio da Altice, Capgemini, Caixa Geral de Depósitos, Delta Q, Fidelidade, Lusíadas Saúde, Randstad, MC Sonae, Tabaqueira, Unilever, e ainda com a parceria da Capital MC, Neurónio Criativo e Sapo.