Porto é hoje palco de protestos do Chega e de ativistas antirracismo: manifestações distam dois quilómetros uma da outra

O Porto vai ser, este sábado, palco de duas manifestações: a do Chega, contra a imigração descontrolada e insegurança nas ruas, e de ativistas contra o racismo e fascismo. Os dois protestos distam apenas 2 quilómetros um do outro.

Um total de 28 associações convocaram para este sábado uma manifestação contra o racismo e fascismo, no Porto, em resposta a uma ação anunciada pelo partido Chega, na mesma cidade e no mesmo dia, contra imigrantes e a pedir mais segurança.

“O partido político de extrema-direita Chega convocou uma manifestação” contra o que considera ser “imigração descontrolada e insegurança nas ruas”, pelo que “não podemos deixar que o fascismo descontrolado torne as nossas ruas e as nossas casas, de facto, inseguras”, escrevem as associações. “Escrevemos esta carta porque nos preocupa a escalada do discurso de ódio, da desinformação e da institucionalização de ambos a que vamos assistindo em Portugal”, referem os subscritores, que incluem movimentos como o SOS Racismo, a rede 8M, associações pró-palestinianas, núcleos antifascistas do Porto, Barcelos ou Guimarães, entre outros.

Os autores do anúncio recordam que já fizeram uma ação semelhante contra a manifestação de abril, convocada pelo movimento de extrema-direita grupo 1143 na cidade do Porto. “Sabemos que não podemos contar com as instituições, mas contamos contigo e com a nossa força coletiva”, referem os autores, dirigindo-se aos portugueses.

Na carta evocam vários casos de ataques que classificam como xenófobos – os homicídios de Ademir Araújo Moreno ou de Odair Moniz, “os ataques contra mais de uma dezena de imigrantes na madrugada do 3 de maio” no Porto ou a “injusta condenação de Cláudia Simões” – considerando-os “vítimas do projeto político racista e xenófobo produzido pelo Estado português, do qual o grupo 1143 e o partido Chega são apologistas”. “Sabemos que os relatos que nos chegam ficam muito aquém do aumento exponencial dos crimes de ódio contra as comunidades imigrantes”, ao mesmo tempo que aumentam os discursos políticos sobre a perceção de segurança dos portugueses.

Mas o “fator comum é que os crimes que, de facto, têm aumentado são aqueles cujas vítimas, não os perpetrantes, são imigrantes”, numa “política de ódio defendida pelo Chega, em cumplicidade com o Estado português, que favorece esses crimes”, acusam.

Chega quer potenciar sucesso da manifestação realizada em Lisboa a 29 de setembro

Em comunicado, o presidente do Chega indica que o partido decidiu organizar uma segunda manifestação “contra a imigração descontrolada e insegurança nas ruas”, para “exigir ao país o controlo de fronteiras e o controlo firme da ordem pública nas ruas”.

“Depois do grande sucesso da manifestação em Lisboa, queremos levar esta indignação a outros pontos do país. O Porto tem tido severos problemas de segurança com consequências graves para moradores e comerciantes”, justifica André Ventura.

Na nota, o líder do Chega afirma que “a imigração descontrolada continua a ser um grande problema em Portugal”, argumentando não existir “qualquer tipo de informação sobre muitos dos que cá chegam”.

O protesto que o Chega promoveu em Lisboa no dia 29 de setembro juntou milhares de pessoas, incluindo elementos do movimento de extrema-direita 1143 e o líder, Mário Machado.

No final do mês de setembro, o ministro da Presidência, António Leitão Amari, revelou que, desde a extinção da manifestação de interesse, os pedidos de residência de imigrantes em Portugal reduziram-se em cerca de 80%.

A população estrangeira em Portugal aumentou cerca de 33% no ano passado, totalizando mais de um milhão de imigrantes a viver legalmente no país, segundo um documento apresentado em junho pelo Governo.

Estes dados foram apresentados após o Conselho de Ministros em que foi aprovado o Plano de Ação para as Migrações, tendo, na altura, o primeiro-ministro rejeitado “qualquer ligação direta” entre a “capacidade de acolher imigrantes e aumentos de índices de criminalidade”.

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