Portal das Matrículas continua a dar dores de cabeça a pais e alunos. Centenas de queixas devido a erros e constrangimentos a poucos dias do fim do processo

Ao longo de todo o processo de matrículas, que se iniciou em abril, foram recorrentes as queixas, com maior expressão no último mês, sobre problemas de funcionamento do portal online. Ministério da Educação alargou período noutras ocasiões.

Pedro Gonçalves
Julho 18, 2024
8:57

Está a decorrer, desde início desta semana, o período de matrículas escolares para os alunos dos 10.º e 12.º anos de escolaridade mas, novamente devido a problemas com a plataforma informática do Portal das Matrículas, o processo está a revelar-se uma verdadeira dor de cabeça para pais, encarregados de educação e estudantes. As queixas multiplicam-se nos últimos dias, com muitos problemas reportados centenas de vezes nas redes sociais, em grupos, blogues ou até caixas de comentários.

Ao que apurou a Executive Digest, os encarregados de educação dão conta de problemas na altura de escolher a escola na qual fazer a inscrição, constrangimentos na seleção do curso ou de disciplinas e impossibilidade de confirmar o envio da matrícula. Há também que relate não conseguir passar além do “passo 3”, no caso de querer alterar o curso e escolher um novo.

“A minha vida tá igual ao portal das matrículas, sempre a dar erro”, queixa-se uma utilizadora na rede social Twitter, onde se contam mais queixas nos últimos dias, e uma vez que o período para fazer as matrículas termina, segundo o calendário, já este sábado. Pais e encarregados de educação queixam-se de falta de respostas do Ministério da Educação, telefones que não são atendidos e escolas que não estão informadas sobre como proceder perante estes erros. Nas caixas de comentários de grupos de Facebook e de blogues sobre educação vão-se trocando conselhos, perante o desespero: “Na escola da minha filha disseram-me para ir tentando…”, “Já tentaram ir avançando sem preencher o Curso do ano anterior (“sem opções”)? Dizem que funciona…”.

A Executive Digest questionou o Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) , tutelado por Fernando Alexandre, sobre a onda de queixas sobre problemas reportados nos últimos dias, e que se têm verificado nas matrículas dos alunos que vão para os 10.º e 12.º anos, mas até ao momento não obteve qualquer resposta. Da mesma forma, o Governo não adiantou ainda se, como já ocorreu noutras ocasiões este ano, o processo será alargado.

Na semana passada o Ministério da Educação alargou o prazo das matrículas dos alunos do 2.º ao 5.º ano na sequência de problemas na plataforma que voltaram a impedir os encarregados de educação de realizar as inscrições.

Na madrugada de quarta-feira da semana passada, último dia do calendário para as matrículas dos alunos do 2.º ao 5.º ano, “ocorreram problemas técnicos num equipamento de refrigeração do centro de dados da Fundação para a Computação Científica Nacional (FCCN)” que afetaram o Portal de Matrículas, revelou  o gabinete do Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI).

A tutela garante que as equipas técnicas e os fabricantes dos equipamentos tentaram resolver o problema em tempo útil, mas não conseguiram, motivo que levou ao alargamento do prazo após a “garantia de que a situação está normalizada”.

Em comunicado, o Governo voltou na altura a lamentar o incómodo e a perturbação causada aos encarregados de educação e escolas devido a falhas do Portal das Matrículas, que já levaram também, por duas vezes, ao alargamento do prazo para a inscrição dos alunos dos 6.º, 7.º, 8.º, 9.º e 11.º anos.

Na audição parlamentar realizada anteriormente, o ministro Fernando Alexandre responsabilizou o anterior Governo pelos atrasos na preparação do ano letivo, referindo-se aos constrangimentos no Portal das Matrículas e aos atrasos nas colocações dos docentes.

“Acabaram com uma plataforma que funcionava mal para criar uma nova. Quando chegámos começou a ser feita a plataforma”, referiu, acrescentando que a nova “plataforma foi testada com os alunos que se matricularam”.

Mais de duas semanas após a abertura do prazo para as matrículas, vários pais continuavam sem conseguir inscrever os filhos, uma situação que Fernando Alexandre reconheceu ser desagradável, sublinhando que “afeta a vida de centenas de milhares de pessoas”.

“Já pedi desculpa, porque acho lamentável que as famílias percam tanto tempo para fazer uma coisa que deveria ser um clique. (…) Isto é um falhanço do processo de digitalização, mas que nós pretendemos corrigir”, referiu, garantindo que os sistemas de informação irão ser reforçados e no próximo ano “os erros não se vão repetir”.

Partilhar

Edição Impressa

Assinar

Newsletter

Subscreva e receba todas as novidades.

A sua informação está protegida. Leia a nossa política de privacidade.