Pelo menos 10 mulheres apresentaram queixa à comissão que investiga assédio moral e sexual no CES
A Comissão Independente do Centro de Estudos Sociais (CES) recebeu denúncias de pelo menos 10 mulheres em casos de assédio moral, sexual e/ou extrativismo intelectual no caso que envolve Boaventura de Sousa Santos ou membros da sua equipa. O prazo para apresentação de queixas terminou no passado sábado e houve diversas mulheres, de várias nacionalidades, que apresentaram os seus casos, apelando ainda que sejam mantido um canal aberto para mais denúncias.
Três investigadoras que passaram pelo CES da Universidade de Coimbra denunciaram situações de assédio num capítulo do livro intitulado “Má conduta sexual na Academia – Para uma Ética de Cuidado na Universidade”, o que levou a que os investigadores Boaventura Sousa Santos e Bruno Sena Martins acabassem suspensos de todos os cargos que ocupavam naquela instituição.
O CES acabou por criar uma Comissão Independente, que iniciou funções a 1 de agosto e que estipulou que as denúncias de alegadas situações de assédio deveriam ser submetidas até 30 de setembro.
O coletivo de vítimas, representado pela advogada brasileira Daniela Felix, entregou um dossier de 213 páginas de queixas de nove mulheres, relatou o jornal ‘Público’. “Todas as denúncias dizem respeito a situações de assédio ocorridas em atividades, projetos ou grupos de pesquisa dirigidos por Boaventura de Sousa Santos, o que inclui situações de assédio moral e sexual praticado por este, como também membros da sua equipa”, frisou a advogada, em comunicado. Também a ativista indígena Moira Ivana Millán, da Argentina, confirmou ter apresentado o seu caso.
O grupo tem a convicção de que “existem mais vítimas, mais testemunhas e mais histórias de violência. Consideramos imprescindível que seja mantido aberto um espaço para acolher vítimas que possam decidir apresentar denúncias”, sublinhando que “todas assistimos à dimensão do poder de Boaventura de Sousa Santos e sofremos retaliações sempre que resistimos”.
A comissão pretende apresentar um relatório “até ao final do ano”, garantiu o CES, reforçando que esta “trabalha com completa autonomia e independência”.