Ozempic é já o 5º medicamento mais caro ao SNS: vendas do antidiabético usado para perder peso não param de crescer

As farmácias portuguesas venderam no ano passado, em média, mais de 33 mil embalagens mensais de semaglutido, a substância ativa do Ozempic, o famoso medicamento pelo seu efeito de emagrecimento apesar de estar indicado para a diabetes tipo II. Dados do Infarmed (Autoridade Nacional do Medicamento), citados esta sexta-feira pelo jornal ‘Expresso’, apontam que as vendas não param de aumentar, com um acréscimo de 10,7% face a 2023, o que obrigou a listas de espera para conseguir aceder ao fármaco e conduziu mesmo a uma rutura de stock no verão passado.

O Infarmed garantiu que a escassez no mercado deste medicamento – e outros fármacos do mesmo grupo terapêutico, como o Trulicity (dulaglutido) e o Victoza (liraglutido) — deverá manter-se em 2025. “Esta limitação deve-se à existência de uma elevada prescrição, aliada a constrangimentos na capacidade de produção. A utilização destes medicamentos para indicações que não se encontram aprovadas, nomeadamente na perda de peso, tem contribuído de forma significativa para o agravamento da situação.”

De acordo com a EMA (Agência Europeia de Medicamento), a crescente procura destes medicamentos desde 2022 tem provocado escassez em toda a União Europeia. O uso “por pessoas que querem emagrecer por razões estéticas, não tendo obesidade nem problemas de saúde relacionados com o peso, tem sido referido com frequência nas notícias e nas redes sociais e está a agravar a escassez, com consequências sérias para a saúde pública”, alertou a EMA, que já recomendou aos Estados-membros medidas para controlar a distribuição destes fármacos e identificassem os doentes de acesso prioritário.

Em Portugal, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) comparticipa em 90% os medicamentos desta família apenas a quem tenha, simultaneamente, diabetes tipo II “insuficientemente controlada” e um Índice de Massa Corporal (IMC) superior a 35, ou seja, obesidade moderada a grave. Os antidiabéticos são já a classe terapêutica que mais encargos traz ao SNS – entre janeiro e outubro de 2024, a sua comparticipação custou ao Estado mais de 342 milhões de euros, um quarto (24,6%) de toda a despesa pública com medicamentos. Só o Ozempic, isoladamente, custou 33 milhões de euros, mais 7% do que em igual período de 2023, e é já o quinto medicamento mais dispendioso entre todos os fármacos existentes.