Operação Influencer. “Estou magoado”: António Costa deixa críticas à PGR sobre polémico parágrafo e revela-se “frustrado” com Marcelo
O primeiro-ministro revelou, esta segunda-feira, a sua mágoa com as suspeitas no qual se viu envolvido no âmbito da Operação Influencer. “Estou magoado, mas não sou rancoroso”, afirmou à ‘CNN Portugal’. António Costa sustentou ainda que sabe atualmente “exatamente” o mesmo que sabia sobre o processo. “Não sei, em bom rigor, qual a suspeita que levou à existência desse processo.”
“Tenho a certeza que mais tarde do que a minha vida gostaria, mas no tempo que a justiça entende como próprio que se há-de esclarecer tudo. E eu não tenho dúvidas qual a decisão final. Como sei que nada fiz de errado, que nada deixei fazer de errado, o resultado será uma acusação ou não, o arquivamento ou a minha absolvição”, referiu Costa.
O polémico parágrafo do comunicado da Procuradoria-Geral da República (PGR), que precipitou o pedido de demissão do primeiro-ministro, foi também alvo de críticas. “Não creio que ninguém ache normal que quem é primeiro-ministro possa estar sob suspeição oficial”, sustentou, lamentando que “a pessoa que está no topo” do Ministério Público, que é a “procuradora-geral da República, resolver comunicar” que há uma suspeição sobre o primeiro-ministro ”ao país e ao mundo”.
No entanto, “não me passa pela cabeça que as suspeitas não fossem suficientemente fortes para a PGR abrir um processo e deviam ser mesmo muito fortes para ter entendido que era seu dever” comunicar.
“Aquele parágrafo foi determinante. Eu acho normal que se há uma suspeita, essa seja investigada. Se me pergunta se eu acho normal que seja publicitada a existência da suspeita sem que sejam praticados os atos de investigação suficientemente sólidos que permitam que seja posta em causa a idoneidade de uma pessoa, é algo que a justiça deve refletir sobre si própria”, disse. “Da minha parte, estou de consciência tranquila.”
Sem o comunicado da PGR, da responsabilidade da procuradora-geral Lucília Gago, António Costa revelou que “aguardaria pela avaliação do juiz de instrução”, embora tenha garantido que teria feito “exatamente o mesmo” e apresentado a sua demissão. “O que pode é perguntar a quem fez o comunicado e a quem tomou a decisão de dissolver a Assembleia da República se faria o mesmo perante o que sabem hoje?”, referiu.
“Quem não se sente não é filho de boa gente. Nunca ninguém pôs em causa a minha integridade, a minha honestidade. Ninguém ao fim de uma vida inteira gosta de ser colocado nesta posição”, afirmou, invocando para si “uma vantagem grande” neste tipo de situações.
“Se há convicção muito firme que tenho é no sistema de justiça, que é muito original, que não tem paralelo, mas onde os cidadãos podem ter a garantia e uma confiança: é que ninguém está acima da lei. Não tenho dúvidas qual é o final da história. Sei que não tive nenhum benefício, nenhum benefício indevido, para além do salário que me é pago”, frisou.
António Costa viu ser interrompido, pela segunda-feira, o seu mandato como chefe de Governo e não escondeu a frustração sobre o papel de Marcelo Rebelo de Sousa. “Se me deixa frustrado ver pela segunda vez consecutiva ver interrompido o meu trabalho, sim fico frustrado, porque gosto de fazer coisas”, referiu, deixando vários exemplo de projetos que podem vir a parar, confessando ter um “travo amargo de ver que fico a poucos meses de concluir aquele trabalho”.
António Costa vai esta segunda-feira ao Parlamento para o debate de preparação do próximo Conselho Europeu. Mais logo, participa no Conselho de Estado a propósito da crise política dos Açores.
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