Número de escolas do privado já supera ensino público em Lisboa e Porto e representa 32% do total nacional

O ensino privado em Portugal tem vindo a crescer de forma significativa, especialmente nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, onde já supera o número de escolas públicas. Este aumento reflete-se em todo o território nacional, com o setor privado a representar atualmente 32% do total de estabelecimentos de ensino, de acordo com dados da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) relativos ao ano letivo de 2022/2023, citados pelo Jornal de Notícias.

As regiões mais populosas, como Lisboa e Porto, registam uma forte presença de escolas privadas. No Porto, 60% do ensino é particular, com 117 estabelecimentos privados face a 75 públicos. Em Lisboa, a percentagem de escolas privadas também ronda os 60%. Este cenário repete-se em concelhos como Cascais e Oeiras, onde a oferta privada supera a pública, refletindo uma tendência nacional de crescimento no ensino particular.

Enquanto o número de escolas públicas tem vindo a diminuir, com menos 245 estabelecimentos em comparação com sete anos atrás, o número de matrículas tem aumentado. Em 2022/2023, o sistema de ensino português registou 1,5 milhões de alunos, o segundo maior número da última década. Este aumento também é notório nas escolas privadas, que alcançaram um recorde de 382 mil matrículas no mesmo ano letivo.

Estabilidade e currículos internacionais no setor privado

Rodrigo Queiroz e Melo, diretor da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP), destaca ao jornal a estabilidade da oferta privada e o aumento da procura por colégios que apresentam currículos internacionais. “Há uma estabilidade nos colégios, na oferta privada, que as pessoas procuram. Por outro lado, há cada vez mais colégios a apresentar currículos internacionais e a procura por esse tipo de ensino também tem vindo a crescer”, afirma.

Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas (ANDAEP), aponta a instabilidade no ensino público, marcada por greves e dias sem aulas, como uma das razões para o crescimento do ensino privado. “Os próprios pais admitem que esta instabilidade os preocupa e temem que, se não se chegar rapidamente a um acordo entre o Ministério da Educação e os sindicatos, a situação piore”, alerta.