Afinal a Terra tem mais uma camada interior do que o que se pensava. Sempre nos ensinaram que o nosso planeta tinha quatro camadas principais (a crosta, o manto, o núcleo externo e o interno), mas uma nova investigação vem agora acrescentar uma quita camada, dentro do núcleo interno, uma esfera de ferro quase puro com um raio de 650 quilómetros.
O estudo, publicado na revista Nature, analisou dados de mais de 200 terramotos na última década para tirar as conclusões. Compreender a composição e o interior do núcleo terrestre é essencial para se conseguir perceber como é que o nosso planeta se formou, e quando deixará de ser habitável, já que quando o núcleo externo se solidificar completamente, o campo magnético que protege a terra da radiação espacial irá desaparecer. A preocupação não é imediata: só acontecerá daqui a milhares de milhões de anos.
“Se pudéssemos desmantelar o planeta, removendo o manto e o núcleo externo líquido, veríamos que o núcleo interno brilha como uma estrela”, explica Hrvoje Tkalčić, geofísico da Universidade Nacional da Austrália e autor do estudo.
Os cientistas identificaram 16 terramotos que atravessaram o núcleo interno da terra entre uma e até cinco vezes, um sinal que estava registado nos arquivos, mas que nunca tinha sido analisado. São estas ondas que permitem estudar o que compõe o núcleo interno com um nível de detalhe “sem precedentes”.
Os dados fornecidos permitiram montar uma ‘radiografia’ da Terra, que mostra que o núceo interno não é, afinal, uma esfera uniforme com um raio de 1221 quilómetros: dentro deste núcleo existe outra esfera, um ‘nucleo-ainda-mais-interno’, que é feito de ferro e tem sensivelmente metade do tamanho (650 quilómetros de raio).
Este núcleo está em expansão. “Atualmente, o núcleo interno cresce um milímetro por ano. Se essa velocidade sempre foi constante, assumiria que tem 1000 milhões de anos. Mas provavelmente a velocidade não foi sempre a mesma em diferentes épocas na Terra. Assim temos um intervalo entre 200 milhões de anos e 1.500 milhões de anos”, explica o responsável pelo estudo, que espera que as conclusões ajudam a responder aos mistério sobre a origem da vida no nosso planeta e a sua formação “uma das maiores incertezas da ciência moderna”.
“Talvez este novo estudo sobre os limites das duas camadas do núcleo interno possam melhorar os modelos científicas sobre a evolução”, afirma Tkalčic.













