MP investiga Câmara Municipal de Cascais devido a negócio do hotel Hilton: autarquia terá vendido terreno em zona ameaçada a baixo custo
O Ministério Público está a investigar a Câmara Municipal de Cascais, em particular o presidente Carlos Carreiras e o vice-presidente Miguel Pinto Luz, assim como dois vereadores e a empresa compradora, no negócio dos terrenos para a construção do novo hotel Hilton, na Estrada Marginal, na Parede – segundo a ‘RTP’, a autarquia vendeu, numa das áreas mais caras na linha de Cascais, mais de 800 metros quadrados por menos de 313 mil euros, numa zona ameaçada pelo mar, e onde vai ser erguida a nova infraestrutura.
A queixa à Procuradoria-Geral da República partiu da Associação SOS Quinta dos Ingleses: a PGR abriu o inquérito em fase de investigação sujeito a segredo de justiça. A associação ambientalista confirmou, na rede social Facebook, que apresentou uma queixa-crime relativa à construção do Hilton, que se localiza junto ao mar, a escassos metros da praia de Carcavelos, uma zona apontada como vulnerável em caso de fenómenos meteorológicos e/ou sísmicos, “no seguimento de várias queixas e pedidos por parte de cidadãos”.
“Temos a sensação de que há aqui zonas muito escuras em torno deste negócio”, apontou Pedro Jordão, presidente da associação. “A primeira questão tem a ver com o preço do lote pela câmara, que foi feito em 2020, por um valor de 312,7 mil euros por uma área de 823 metros quadrados”, frisou, em declarações ao canal televisivo. “Por outro lado, o plano de ordenamento da orla costeira, que estabelece desde 2019 limitações muito fortes em toda esta zona, impedindo a construção até aos 500 e 1000 metros da costa, está aqui claramente a ser violado, por uma construção que é totalmente desfasada das circundantes.”