Moscovo reafirma acusações a Kiev de genocídio no Donbass e acusa ONU “de cegueira”

O ex-presidente russo Dmitri Medvedev reafirmou hoje que as autoridades ucranianas cometeram genocídio durante oito anos no Donbass, no leste da Ucrânia, e acusou as Nações Unidas de cegueira em relação à questão.

“Se (…) querem realmente descobrir o genocídio e os crimes de guerra na Ucrânia devem deixar de agir como toupeiras cegas”, disse Dmitri Medvedev, referindo-se a uma comissão de inquérito da ONU sobre crimes na Ucrânia.

Medvedev referiu que a comissão não encontrou provas suficientes de crimes cometidos pelo exército russo para serem qualificados como genocídio e sugeriu que os investigadores olhem “na direção certa”.

Só assim poderão “avaliar objetivamente a forma implacável como [Kiev] afogou o Donbass em sangue durante oito anos, até que a Rússia lançou uma operação militar especial”, disse, citado pela agência espanhola Europa Press.

O presidente da comissão da ONU, Erik Mose, disse na segunda-feira, em Kiev, que os peritos reuniram novas provas de alegados abusos russos que podem constituir crimes de guerra e contra a humanidade, sem aludir a genocídio.

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022 para proteger, entre outras alegações, as populações russófonas das regiões ucranianas de Donetsk e de Lugansk, que formam o Donbass.

Moscovo designa oficialmente a invasão da Ucrânia como uma “operação militar especial”.

Na véspera da invasão, o Presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu a independência das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e de Lugansk, que desenvolviam uma guerra separatista contra Kiev desde 2014, com apoio russo.

Medvedev, que é vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, insistiu que “o que a Ucrânia tem feito desde 2014 na região” constitui um crime de genocídio.

“A intenção dos canalhas de Kiev é matar os habitantes do Donbass e cometer crimes de guerra”, afirmou.

Por isso, defendeu que “a operação militar especial deve continuar até que os seus objetivos sejam plenamente alcançados”.

“Até à vitória final sobre aqueles que submeteram o próprio povo a abusos e extermínio durante oito anos”, disse, referindo que devem ser condenados.

“Que ardam no inferno”, acrescentou.

Depois de ter anexado a península ucraniana da Crimeia em 2014, Moscovo fez o mesmo a Donetsk e Lugansk em setembro do ano passado, bem como a Kherson e Zaporijia.

A Ucrânia e a generalidade da comunidade internacional não reconhecem a soberania russa nas cinco regiões.

Kiev exige a retirada das forças russas de todo o território da Ucrânia, incluindo da Crimeia, numa reposição das fronteiras originais de quando se tornou independente em 1991.

Moscovo tem respondido a tais exigências com a afirmação de que a Ucrânia se deve conformar com a nova realidade.

A guerra separatista no Donbass causou mais de 14 mil mortos em oito anos, entre civis e militares, segundo dados das Nações Unidas.

Desconhece-se o número de baixas civis e militares da guerra iniciada pela Rússia há mais de 18 meses, mas diversas fontes, incluindo a ONU, admitem que será elevado.

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