Moscovo lança soldados norte-coreanos sem qualquer proteção em Kursk: vídeos de drone mostram fileiras de mortos

Vídeos captados por drone têm mostrado o avanço russo na região de Kursk: colunas de cerca de 40 soldados avançam em fila, em plena luz do dia e sem qualquer proteção de blindados, a fazer recordar as ofensivas desesperadas do Exército Vermelho na II Guerra Mundial, com soldados bem carregados de vodka para vencer o medo. Outro drone regista o resultado: outra fila, mas agora com cerca de 20 cadáveres.

Os vídeos mostraram o primeiro grande ataque das tropas russas e norte-coreanas na região russa de Kursk para desalojar o exército ucraniano, que retém cerca de 700 quilómetros quadrados: embora os norte-coreanos já tenham sofrido algumas baixas em ataques de artilharia distantes às suas posições iniciais de implantação, e mesmo com mísseis Storm Shadow, é a primeira vez que estas tropas são utilizadas numa ofensiva de “carne para canhão”, que é, em princípio, para o que a Rússia os iria utilizar, destacou a publicação espanhola ‘El Mundo’.

Segundo o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, centenas de norte-coreanos participaram neste ataque perto da aldeia de Pletkovo ao lado das tropas russas. Segundo algumas testemunhas, esta batalha começou no passado dia 6 com um ataque maciço de cinco direções diferentes e cerca de 500 soldados russos e norte-coreanos para capturar Pletkovo, numa das extremidades da saliência de Kursk. Embora não tivessem apoio blindado, os defensores ucranianos recuaram quando ficaram sem munições. Os russos fotografaram-se na aldeia mas, horas depois, os ucranianos organizaram um contra-ataque e as posições voltaram ao ponto de partida.

Se em setembro a Rússia conseguiu reduzir a quantidade de território que Kiev controla em Kursk (de 1.000 quilómetros quadrados para cerca de 700), desde então não conseguiu ganhos significativos. As razões são várias: a Ucrânia sabia muito bem no que se estava a meter quando conquistou aquela zona: além de ser plana, está repleta de riachos e lagos que facilitam a defesa quando um exército cava trincheiras.

Porque é que estes ataques já não são realizados com veículos blindados? Há semanas, e graças a imagens de satélite, observadores de fontes abertas detetaram que os arsenais soviéticos, dos quais a Rússia tem retirado os seus tanques, foram quase completamente esvaziados. Faz sentido que queiram conservar o material que lhes resta, mesmo que isso implique desproteger as suas tropas.