Moedas de um e dois cêntimos com os dias contados? Lituânia elimina os ‘trocos’ já em maio

A medida foi aprovada pelo Parlamento lituano em março e faz parte de um movimento mais amplo para modernizar o sistema monetário e reduzir o impacto ambiental da produção e distribuição dessas moedas.

Pedro Gonçalves
Abril 17, 2025
13:12

A partir de maio a Lituânia irá eliminar gradualmente as moedas de 1 e 2 cêntimos, com o objetivo de simplificar os pagamentos em dinheiro e reduzir a quantidade de moedas pequenas que se acumulam sem serem usadas. A medida foi aprovada pelo Parlamento lituano em março e faz parte de um movimento mais amplo para modernizar o sistema monetário e reduzir o impacto ambiental da produção e distribuição dessas moedas.

A nova normativa prevê que, nas compras pagas em dinheiro, o total da transação será arredondado para o múltiplo mais próximo de 5 ou 10 cêntimos. De acordo com o Banco de Lituânia, a implementação desta medida visa reduzir a quantidade de moedas pequenas que se perdem ou se acumulam em gavetas e carros. Estima-se que, a cada ano, cerca de um terço de um milhão de euros em moedas de 1 e 2 cêntimos se perca, sem retorno ao circuito económico. O Banco de Lituânia sublinha que, atualmente, essas moedas são essenciais para dar o troco em pontos de venda, mas, ao mesmo tempo, a sua produção e distribuição geram um impacto ambiental considerável.

Rimantas Mažulis, responsável pela empresa Strong Point, especializada na implementação de sistemas de caixa, alerta ao El Confidencial para os desafios que a mudança pode gerar. A aplicação do arredondamento não será simples, especialmente em situações como vendas com desconto ou pagamentos a prestações, onde surgem dúvidas sobre como aplicar o arredondamento. Além disso, embora o objetivo da Lituânia seja simplificar os pagamentos, a mudança exigirá ajustes nos sistemas de caixa e nos processos contabilísticos, o que pode gerar custos adicionais a curto prazo.

No entanto, Mažulis destaca que os benefícios da medida, como a redução do tempo de transações e a diminuição da complexidade nos pagamentos, serão evidentes a longo prazo. Ele acrescenta que, apesar dos desafios iniciais, a mudança permitirá simplificar os processos de pagamento e reduzir a quantidade de moedas pequenas em circulação, o que, em última análise, beneficia tanto comerciantes como consumidores.

A questão da eliminação das moedas de 1 e 2 cêntimos tem gerado divisões na Europa. Uma pesquisa recente da Comissão Europeia revelou que 61% dos cidadãos da União Europeia apoiam a medida. No entanto, apenas sete países da zona euro já tomaram a decisão de eliminar essas moedas. Países como os Países Baixos, Bélgica, Finlândia, Irlanda, Itália, Eslováquia e Estónia já deixaram de emitir as moedas de 1 e 2 cêntimos e aplicam o arredondamento no total das compras pagas em dinheiro.

No entanto, outros países da zona euro, particularmente no sul da Europa, têm sido mais reticentes. Em países como Espanha, Grécia e Chipre, a oposição à eliminação das moedas pequenas continua significativa. Em Espanha, por exemplo, apenas metade da população apoia a medida, e em outros países do sul da Europa, como a Grécia e Chipre, a maioria dos cidadãos se opõe à retirada das moedas de 1 e 2 cêntimos.

Fora da zona euro, países como a Suécia, Noruega, Dinamarca, Canadá e Austrália também aplicam o arredondamento nas transações em dinheiro. Em Itália, a medida foi adotada em 2018, mas os responsáveis alertam que, para uma eliminação total das moedas pequenas, seria necessário um acordo a nível da União Europeia, para evitar confusão entre os cidadãos, especialmente os turistas.

A eliminação das moedas de 1 e 2 cêntimos e a aplicação do arredondamento continua a ser um tema debatido em toda a Europa, com posturas variadas entre os diferentes países. Enquanto uns apostam na simplificação do sistema monetário, outros, especialmente no sul da Europa, mantêm uma visão mais conservadora em relação à questão. De qualquer forma, a tendência parece indicar uma movimentação crescente para a eliminação dessas moedas, em favor de um sistema mais simples e eficiente.

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