Mais de metade dos concelhos do país tiveram aumentos de pelo menos 50% no preço das casas
Mais de metade dos concelhos em Portugal registou um aumento de pelo menos 50% no preço das casas desde agosto de 2018: são 66 dos 116 concelhos do país, sendo que 45% dos quais nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. De acordo com o ‘Jornal de Notícias’, há cinco anos somavam-se 87 municípios com um valor médio por metro quadrado abaixo dos mil euros, sendo que atualmente são apenas 24.
“Temos assistido, e a partir de 2018/19 é muito notório, ao crescimento dos preços muito substancial em Lisboa e Porto e a um efeito de contágio às áreas metropolitanas como um todo”, frisou, ao jornal diário, o economista Hugo de Almeida Vilares, um dos autores do estudo “A crise da habitação nas grandes cidades”, da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Paulo Caiado, presidente da Associação dos Profissionais e das Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal, referiu “os preços mais elevados nos centros urbanos fazem com que as pessoas se afastem, criando pressão nos preços em concelhos onde os patamares de valor eram mais baixos”. Os dados do INE (Instituto Nacional da Estatística) apontaram que, em agosto de 2018, os preços por metro quadrado oscilaram entre um mínimo de 775 euros/m2 em Anadia e 3.736 euros/m2 – o valor mediano do país é de 1.538 euros/m2.
“Entre 2013 e 2022 construíram-se cerca de 150 mil alojamentos – o que contrasta com os cerca de 630 mil na década precedente”, referiu o autor do estudo, garantindo que “a oferta caiu para um quinto/um sexto do que já fomos capazes de produzir, muito mais do que na Zona Euro (um terço)”. Segundo o presidente da associação, “não pode ser considerado normal que o prazo de licenciamento seja superior ao da execução da obra”.
A população migrante, de acordo com os especialistas, também colocou pressão nos preços. Segundo Vilares, “temos hoje uma população migrante mais substancial do que tínhamos”. “De 2016 até agora vieram para Portugal 400 mil imigrantes, que precisam de casa, de uma casa digna, tendo absorvido a oferta de baixo valor que estava disponível no mercado de arrendamento nos últimos cinco a seis anos”, indicou, lamentando que “não se tenha percebido que isto ia acontecer”.
Os valores das habitações não vão descer tão cedo, garantiram. “Os preços subiram 9%, mesmo que as transações tenham caído 23%. Quem está a vender tem capacidade de esperar”, sustentou o economista. Já Paulo Caiado referiu que “não faltam clientes para casas baratas. Mas ao custo do terreno, junta-se o custo de construção e a estrutura fiscal associada, o que não permite que haja casas baratas”.