Mais de 65% dos jovens ganha menos de mil euros por mês, revela estudo. Casa própria é sonho adiado

Um estudo recente intitulado “Retrato da População Jovem Portuguesa. Quem São, o Que as/os Move Agora e Quais as suas Expectativas” revela que a maioria dos jovens portugueses enfrenta desafios significativos no mercado de trabalho e na habitação. Apresentado nas XXIV jornadas de psicologia do IUCS-CESPU, no Porto, o estudo é da responsabilidade do grupo de investigação SINLab (Social Inclusion Laboratory), coordenado por Alexandra Serra, do Instituto Universitário de Ciências da Saúde (IUCS-CESPU), e por Rui Serôdio, da Universidade do Porto.

Com base nas respostas de 5137 jovens entre os 12 e os 30 anos, recolhidas a pedido da Movijovem, os resultados apontam para uma realidade preocupante: 65,6% dos jovens recebem menos de mil euros líquidos mensais e trabalham em média 36 horas por semana, revelam os resultados avançados pelo JN.

De acordo com o estudo, o salário médio dos jovens portugueses é de 725 euros para aqueles que trabalham até 35 horas por semana, e sobe para 847 euros para os que trabalham entre 35 e 40 horas. Aqueles que trabalham mais de 40 horas por semana têm um salário médio de 1144 euros. No entanto, os dados revelam disparidades de género, com os homens a receberem salários 26% mais altos do que as mulheres. Geograficamente, é no Litoral que se verifica um maior rendimento.

Rui Serôdio, um dos coordenadores do estudo, explica ao JN que a jornada de trabalho tende a aumentar com a idade devido à estabilidade dos contratos. No entanto, muitos jovens enfrentam precariedade laboral, trabalhando em regime temporário ou parcial.

Desafios na Habitação
Quanto à habitação, o estudo revela que apenas 20% dos jovens têm casa própria. Cerca de 34% vivem em habitações familiares e 35% arrendam. Alarmantemente, 10% dos jovens vivem em quartos arrendados por um valor médio de 270 euros por mês, e quase 12% gastam mais de 700 euros mensais em rendas. O desejo de possuir habitação própria é uma aspiração de 77,5% dos jovens, esperando alcançar este objetivo por volta dos 29 anos, embora esta expectativa suba para os 33 anos entre os que têm mais de 25 anos.

Preocupações e Perspectivas Futuras

Independentemente da idade, os jovens mostram preocupações com a habitação, emprego e acesso à saúde. No entanto, à medida que envelhecem, as questões relacionadas com a responsabilidade social, direitos humanos e igualdade perdem relevância.

No que diz respeito à empregabilidade, a maioria dos jovens trabalha na sua área de formação, embora 32,7% exerçam funções diferentes. Em termos de desemprego, o estudo indica que 5,4% dos jovens inquiridos estão desempregados, com dois em cada 10 jovens nesta situação há entre um a três anos.

Este estudo oferece um retrato detalhado das dificuldades e aspirações dos jovens portugueses, sublinhando a necessidade de políticas públicas eficazes para abordar os desafios que enfrentam.