Mais de 60% dos portugueses dispostos a experimentar carne de laboratório, revela estudo

Mais de 60% da população portuguesa está disposta a experimentar carne criada em laboratório e mais de um quarto (27%) substituiria parte da que come atualmente por ela, indica um inquérito divulgado hoje.

O inquérito ‘online’ a 1.015 pessoas foi realizado em meados de abril pela empresa de sondagens YouGov, a pedido da organização Good Food Institute, que promove alternativas aos produtos de origem animal, sendo os resultados “representativos da população portuguesa com idade igual ou superior a 18 anos”, segundo um comunicado do GFI.

O estudo concluiu que, apesar de apenas 33% dos inquiridos conhecer esta forma de produção de carne, “a postura perante a carne cultivada em Portugal parece ser positiva”, já que apenas um quarto dos inquiridos disse que nunca comeria a designada como carne cultivada.

O inquérito mostra ainda que 69% dos portugueses entende que, desde que seja aprovada pela entidade reguladora da segurança alimentar, a carne cultivada deve estar disponível no mercado nacional, enquanto 64% declarou que, se for vendida em Portugal, também deve ser produzida no país para beneficiar a economia.

Para 76% dos inquiridos, “a decisão de aprovar ou não a carne cultivada deve ser independente de quaisquer interesses comerciais”.

Os que concordam que se deve investir na investigação e desenvolvimento de carne cultivada ascendem a 52% e uma percentagem um pouco maior (57%) defende que os agricultores devem ser ajudados para beneficiarem de oportunidades ligadas à carne de laboratório.

Em relação à carne de animais, 74% considera ser demasiado elevado o seu consumo em Portugal e 57% pretende reduzi-lo nos próximos dois anos. Seis por cento dos inquiridos já não comem carne.

“A maior parte dos consumidores portugueses está curiosa em relação à carne cultivada, o que oferece uma solução promissora para produzir a comida que as pessoas preferem de uma forma mais eficiente e sustentável,” explicou Helen Breewood, do Good Food Institute Europe, citada no comunicado.

“À medida que a sensibilização dos consumidores para os desafios do nosso atual sistema alimentar e a abertura à inovação alimentar aumentam, Portugal tem uma ‘oportunidade de ouro’ para apoiar este setor emergente com investimento público para criar novos empregos e preparar a sua economia para o futuro. Tornar estas opções sustentáveis mais apelativas e acessíveis vai impulsionar a sua adoção, trazendo benefícios ambientais e económicos para Portugal”, defendeu.

Segundo o comunicado, na Europa, mais de 50 ‘startups’ (empresas emergentes), incluindo a portuguesa Cell4Food – que pretende produzir alimentos para pessoas e rações para animais de estimação a partir de peixes e crustáceos -, dedicam-se ao desenvolvimento do setor.

Além de poder dar resposta à procura de proteína, a carne cultivada reforça a segurança alimentar e “poderá reduzir significativamente o consumo de recursos em comparação com a produção industrial de carne, ajudando assim a resolver questões como as emissões de gases com efeito de estufa, a desflorestação e a resistência aos antibióticos”.

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