JMJ. Cinco peregrinos angolanos não tencionam regressar a Luanda: casos vão multiplicar-se, alertam responsáveis

Pelo menos cinco peregrinos angolanos, que viajaram para Portugal no âmbito da Jornada Mundial da Juventude, não têm intenção de regressar a Luanda, tendo já abandonado a delegação com que viajavam.

Em declarações à TSF, Belmiro Chissengueti, chefe da delegação angolana, afirma que os casos já foram devidamente comunicados às autoridades. “Daquilo que tenho conhecimento, pelo menos esses cinco. A informação já está com a polícia, vamos ver o que fazer com o grupo de Leiria para que isso seja tratado pelas autoridades competentes e ajudem ao necessário seguimento”, explicou o responsável, salientando que o número de pessoas que escolhem ficar na Europa pode aumentar até ao final da JMJ.

Já o bispo de Cabinda criticou as autoridades portuguesas por não especificarem a nacionalidade dos 106 peregrinos que não se apresentaram nas paróquias onde deviam ser acolhidos, tratando os africanos como um todo: “A notícia de 106 angolanos e cabo-verdianos que fugiram peca pelo facto de não ser específica. Pode ser que tenham fugido 106 angolanos e cabo-verdianos ou 105 angolanos e um cabo-verdiano, são 106 na mesma, mas é preciso especificar quantos cabo-verdianos são efetivamente, quais e quem são e quantos angolanos. Seria bom haver um certo cuidado na informação”, apontou, anotando que “Cabo Verde não é Angola e que Angola não é Cabo Verde”.

De acordo com o bispo, “haverá certamente” mais casos”. “Nós somos países grandes, com soberania e identidade. Seria bom haver especificidade de nações, tal como acontece com outros países do mundo mais pequenos até, mas com a identidade própria, com a sua história, a sua tradição e os seus problemas”, defendeu.

Paulo Adriano, assessor da diocese de Leiria-Fátima, sublinhou que o mais importante não é precisar o número de ausentes em cada delegação mas sim garantir que tudo corre bem. “Todo o dispositivo foi preparado no sentido de dar resposta a algumas situações, felizmente, só nos deparamos com essa situação. Se for por aí, também podemos dizer que as expectativas – pelo menos as mais negativas – foram superadas porque não houve nenhum problema, nomeadamente, na jornada em Leiria onde estiveram cerca de 12 mil jovens, não foi necessário pôr em marcha nenhum dispositivo ou protocolo que decorresse de alguma eventualidade menos agradável”, referiu.

A diocese de Leiria-Fátima recebeu mais de três centenas de peregrinos, sendo que a ausência de 106 pessoas vindas de Angola e Cabo verde foi notada na quarta-feira passada. Para o responsável, os peregrinos não estão desaparecidos, uma vez que podem circular livremente no espaço Shenghen durante três meses. “Há protocolos de comunicação que se têm de ser estabelecidos em determinadas situações. Essa foi uma situação que deu esse protocolo e nesse sentido, cumprimos aquilo que estava estipulado”, indicou.

Jorge Bacelar Gouveia, presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo, o caso estava previsto e é possível que a situação se repita nos próximos dias. “Acho que esses casos se vão multiplicar. Isto é um risco que era normal. As pessoas vêm com visto de turismo, julgo que por 30 dias, e é evidente que depois a partir desse momento haverá pessoas que não vão regressar aos seus países, mas isso é uma coisa que é inevitável porque é difícil de impedir a entrada de pessoas que queiram vir à jornada e, sendo jovens, não há garantias de voltar”, sustentou.

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