Grupo terrorista neonazi americano pretende reavivar atividades antes da campanha presidencial nos EUA: anúncio ‘de emprego’ está online

Extremistas de direita de todos os cantos da internet estão a mirar a vice-presidente Kamala Harris, agora que assumiu a candidatura democrata à Casa Branca: no entanto, um dos grupos neonazis mais antigos dos EUA também está a tentar continuar as suas atividades, agora que a temporada das eleições presidenciais começa a ganhar ritmo.

Segundo o jornal britânico ‘The Guardian’, Rinaldo Nazzaro, de 51 anos e ex-funcionário do Pentágono e analista do Departamento de Segurança Interna (DHS), que viria a fundar a Base, escreveu na sua conta pessoal no ‘Telegram’ que está à procura de um líder dos Estados Unidos para a sua organização e disposto a pagar um salário de até 1.200 dólares por mês.

Nazzaro, que está na Rússia, é alvo de uma investigação do FBI e já não pisa dos EUA há anos: no entanto, e até face ao aumento dos tumultos raciais no Reino Unido, as autoridades ocidentais têm-se preocupado cada vez mais com o patrocínio russo a extremistas de direita.

A Base foi considerada uma ameaça terrorista doméstica na preparação para a campanha eleitoral presidencial de 2020: o grupo adere aos princípios do aceleracionismo, ou seja, uma doutrina política hiperviolenta que convoca os seguidores a apressar o colapso da sociedade através de atos de terrorismo. “Deve ter conhecimento e experiência em trabalho de campo, sobrevivência na natureza e/ou táticas de pequenas unidades”, pode ler-se no post, que especifica que o “líder da Equipa A” tem de ter até 21 anos, carta de condução válida e ficha criminal limpa, assim como habilidades específicas.

“Não é necessária experiência militar, mas é altamente desejável”, refere. “Como líder de equipa, as suas responsabilidades incluirão recrutar, avaliar e reter uma ‘A-Team’ de entre 6 e 12 homens; organizar, conduzir e documentar sessões de treino de equipa pelo menos uma vez por mês”, indica o post.

Uma investigação do ‘The Guardian’, em 2020, revelou que Nazzaro comprou vários terrenos não desenvolvidos perto de Republic, em Washington, que pretendia usar como campo de treino para a Base. De acordo com Joshua Fisher-Birch, analista do ‘Counter Extremism Project’ que monitoriza a Base desde a sua criação, o grupo mantém vários membros americanos e que Nazzaro frequentemente fala sobre ter investido milhares de dólares das suas finanças pessoais no grupo.

“Nazzaro afirmou que apoiou o movimento aceleracionista com mais de 10 mil dólares do seu stock pessoal de criptomoedas e que gastou mais de 20 mil dólares na Base, sem incluir as terras que comprou no estado de Washington”, destacou Fisher-Birch, que apontou que Nazzaro recebeu mais de 3 mil dólares em doações em bitcoins.

Aparecendo pela primeira vez em 2018, a Base já foi alvo de uma grande investigação nacional do FBI sobre contraterrorismo, levando mais de uma dúzia dos seus membros à prisão. Ao longo dos anos, membros da Base planearam um assassinato na Geórgia e tiroteios em massa, enquanto vários países a designaram como uma organização terrorista oficial ao lado de grupos como o Estado Islâmico.

Na semana passada, a União Europeia fez o mesmo, tornado a Base a primeira organização de extrema-direita a fazer parte da sua lista de sanções.

Embora seja improvável que ostente os quase 50 membros que contou no seu auge em 2020, os seus posts online continuam a mostrar homens mascarados a posar com armas de fogo e em uniformes paramilitares em estados por todos os EUA.

Tanto Nazzaro quanto a conta oficial do Telegram da Base encorajaram os europeus a se juntarem. “Em 2023 e 2024, a Base postou fotos de membros ou fotos de atividade de propaganda supostamente na Bélgica, Bulgária, Alemanha, Itália, Países Baixos, Polónia, Sérvia, Suécia e Ucrânia”, referiu Fisher-Birch.

Nazzaro, casado com uma cidadã russa e que se acredita que esteja a morar em São Petersburgo, há muito tempo enfrenta alegações de dentro da Base de que ele é um ativo da inteligência russa. Numa aparição em 2020 na televisão russa, tentou dissipar esses rumores, alegando que “nunca tive um contacto com nenhum serviço de segurança russo”.

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